"Vale tudo, estamos em guerra", avisou o secretário-geral da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda-Posição Militar (FLEC-PM), em entrevista concedida por telefone à AFP no Luxemburgo, onde se encontra em viagem.
O ataque de sexta-feira deixou pelo menos dois mortos - o preparador de goleiros e o assessor de imprensa - na delegação togolesa, que acabava de chegar ao território de Cabinda, onde sete jogos da CAN foram programados.
O militante separatista, que está exilado em França, lamentou "a morte de seres humanos" mas culpou a Confederação Africana de Futebol (CAF) e o seu presidente, Issa Hayatou, pelo sucedido.
"Dois meses antes da CAN, escrevemos a Issa Hayatou para avisá-lo que estávamos em guerra. Ele não quis levar as nossas advertências a sério", acusou.
"Os ataques vão continuar, porque o país está em guerra e porque Hayatou é teimoso" e decidiu manter os jogos em Cabinda, afirmou.
O território de Cabinda, que fornece 60% do petróleo angolano, fica entre a República Democrática do Congo (RDC) e o Congo. É assolado por um conflito separatista desde a independência de Angola, em 1975.
Luanda garante desde 2006 que a província está pacificada, em virtude de um acordo de paz assinado com um dos líderes da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC). O FLEC-PM é uma dissidência do FLEC criada em 2003.
"As autoridades angolanas quiseram organizar jogos da CAN em Cabinda para convencer a opinião de que o território está em paz e que os investidores podem investir lá", analisou Mingas.
"Mas vale tudo, pois estamos em guerra. Nosso alvo não era especificamente o Togo. Poderia ter sido Angola, Costa do Marfim ou Gana. Tudo é possível", afirmou.
Indagado sobre o sucesso do ataque apesar da forte presença militar angolana em Cabinda, o secretário-geral do FLEC-PM respondeu: "Estamos em casa, e conhecemos bem o terreno".
Mingas disse que a operação foi conduzida por uma dezena de militantes, que abriram fogo à chegada da comitiva. "Porém, houve uma contraofensiva, e os nossos elementos responderam", explicou.
Após um tiroteio de cerca de 20 minutos, os separatistas fugiram. Um militante foi ferido numa perna e não corre risco de vida, segundo Mingas.
"Agora, esperamos uma retaliação, como sempre. Eles têm 50.000 homens armados em Cabinda", declarou, defendendo a acção do PLEC-PM. "Somos um movimento nacionalista, de resistência, e não terroristas".
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