O bósnio Vahid Halilhodzic, que dirige a selecção da Costa do Marfim, afirmou que o clima em Cabinda, sede do Grupo B da Taça Africana de Nações em futebol, lembra o da guerra que desintegrou a Jugoslávia e revelou que jogadores da equipe, inclusive o astro Didier Drogba, do Chelsea, foram ameaçados de morte.
A Província de Cabinda, assim considerada pelo Governo de Angola, é um enclave angolano localizado entre Congo (Brazzaville) e a República Democrática do Congo. A região, rica em petróleo, é também a área de atuação das Flec (Forças de Libertação do Estado de Cabinda), que lutam pela autonomia do território.
O braço armado das Flec foi o responsável pelo atentado contra o autocarro da selecção do Togo, na última sexta-feira, que deixou três mortos. O ataque fez com que a equipa togolesa desistisse da competição.
"A situação não é nada agradável. Estamos alojados num edifício vigiado por polícias armados até aos dentes e treinamos sob a protecção deles. Tudo lembra uma guerra. Sentia-me assim em Mostar, em 1992, quando começou a guerra da Bósnia. Mas não tenho medo", disse Halihodzic ao diário "Avaz", do seu país-natal.
O treinador revelou ainda que uma entrevista colectiva prevista para o último domingo foi cancelada por razões de segurança e disse que conseguiu tranquilizar um pouco o atacante Drogba, que, segundo ele, foi ameaçado de morte.
Halilhodzic disse também que a intranquilidade em Cabinda deve crescer com o passar do tempo e criticou a organização da Taça Africana por manter a cidade como uma das sedes do torneio. As Flec prometem realizar novas acções durante a competição.
"Acredito que, pouco a pouco, todos vão entrar em pânico. Os rebeldes estão a poucos quilómetros do lugar onde estão as equipes. Apesar de tudo isso, a Confederação Africana de Futebol insiste com o campeonato", reclamou Halihodzic.
Adversária do Brasil na primeira fase da Copa do Mundo-2010, a Costa do Marfim estreia-se hoje no torneio continental diante do Burkina Fasso.
Fonte: Folha Online
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