Apesar de tudo, e de acordo com alguns observadores atentos do que se passa em Copenhaga, resta ainda alguma esperança de que algo de promissor possa ainda sair da Cimeira.
Creio, todavia, que, por mais positivas que venham a ser as decisões finais, solene e pomposamente assinadas, em acta final, pelos líderes máximos de cada país, não serão ali consideradas as principais questões de fundo que hoje por hoje estão cometidas à humanidade e ao planeta. Vou mesmo mais longe e atrevo-me a dizer que não será com esta geração de líderes mundiais que as indispensáveis mudanças de fundo serão tomadas. E porquê? Não vou aqui estender-me em largas considerações de carácter científico e filosófico, mas direi que, basicamente, as "elites" políticas, económicas e até universitárias (com honrosas excepções ) actuais e que governam o destino dos povos, são incapazes - é o termo exacto - de mudar de «paradigma», isto é, de pensar e agir fora da «visão do mundo» em que foram formados e educados e do qual são reféns. Estaria aqui um excelente tema para debate sobre as nossas "elites" (portuguesas e não só)...
Abrindo um pouco o véu da problemática - e a problemática, a meu ver, não diz apenas respeito ao combate ao aquecimento global - eu diria que está em causa, acima de tudo, o modelo económico dominante e predominante em todo o globo. Em Março deste ano, a Comissão para o Desenvolvimento Sustentável (SDC), ligada ao próprio governo britânico, intitulava o seu Relatório do seguinte modo: "Prosperidade sem Crescimento?" E ia mais longe, denominando o nosso tempo como sendo "A Era da Irresponsabilidade". Fundamentalmente, é ali questionada uma economia ou um «paradigma económico» que, desligado e isolado dos restantes sistemas e ecossistemas naturais e sociais, como se o sistema económico pudesse ele próprio ser um sistema fechado, é o grande responsável não apenas pela degradação ambiental - aquecimento, erosão em massa dos solos agrícolas, drenagem selvagem dos pântanos, destruição florestal... - mas também pelo acréscimo constante das desigualdades.
Cabe-nos, a nós que acreditamos (ainda) no futuro, contribuir, pelo debate, pela intervenção e também pela nossa conversão pessoal e individual, para travar a caminhada para o deserto. Sem dramatismos.
2 comentários:
Pertinente reflexão, António
Abraço MIL
Eu ainda não consegui formar uma verdadeira opinião acerca do aquecimento global antropogênico. Nenhuma apresentação científica me convenceu e infelizmente me parecem todas comprometidas...
Vejam os 3 videos deste blogue
http://blogues.ligalusofona.net/aquecimentoglobal/
cada um com um ponto de vista
Verdade Inconveniente
Mentira Conveniente
Verdades Escondidas
Já li mais coisas de ambos os lados. Nada me convenceu até agora...
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