Mais do que de refundação, deve, a meu ver, falar-se de reorientação. O termo refundação está de tal modo gasto que se presta aos mais pífios resultados. Como uma vez me disse o Miguel Real, já estamos fartos de ouvir: “É a hora!”. Trata-se antes de um processo, de uma viragem, lenta, gradual… Em suma, de uma reorientação.
Mas – perguntarás – em direcção a quê?
Falámos hoje, como estarás lembrado, de um assunto tabu: se em Cabo Verde ou em S. Tomé e Príncipe, por exemplo, se fizesse um referendo de religação política a Portugal, os resultados seriam, para muitos, bem surpreendentes. Também aí se está a realizar essa viragem, lenta, gradual…
Passadas já mais de três décadas, é tempo disso. Tempo das feridas históricas sararem de vez e de encetarmos um novo caminho de convergência entre todos os países lusófonos, já sem quaisquer fantasmas coloniais ou imperialistas, que apenas ainda alguns, parados no tempo, e reféns dos seus próprios preconceitos ideológicos, insistem em agitar…
Em Portugal também já se sente essa aragem. Que não nos levará, decerto, a voltar as costas à Europa: somos e seremos sempre, para o bem e para o mal, europeus. Mas que nos levará a reconhecer que Portugal só terá futuro à escala lusófona. Como já alguém disse, Portugal será lusófono ou não será…
É também por isso que é um beco sem saída repensar Portugal em si próprio. Se nos pensarmos fora do espaço lusófono, o nosso único caminho é o da trincheira: resistirmos, o mais que pudermos, à voragem da globalização…
Se nos pensarmos sempre já no espaço lusófono, o horizonte é, desde logo, muito maior. Mas, por isso também, mais longo é o caminho…
Perguntavas pelo caminho do MIL: MOVIMENTO INTERNACIONAL LUSÓFONO? Eis o caminho: lento e gradual. O MIL não alinha em sprints…
1 comentário:
"Mais do que de refundação, deve, a meu ver, falar-se de reorientação. O termo refundação está de tal modo gasto que se presta aos mais pífios resultados. Como uma vez me disse o Miguel Real, já estamos fartos de ouvir: “É a hora!”. Trata-se antes de um processo, de uma viragem, lenta, gradual… Em suma, de uma reorientação."
> "Refundação" é uma escolha intencional, uma resposta a certas refundações ocas e desconexas que agora andam por aí aproveitando a crise do sistema político e o vazio de termos um governo tecnocrático e uma oposição inexistente...
"Mas – perguntarás – em direcção a quê?
Falámos hoje, como estarás lembrado, de um assunto tabu: se em Cabo Verde ou em S. Tomé e Príncipe, por exemplo, se fizesse um referendo de religação política a Portugal, os resultados seriam, para muitos, bem surpreendentes. Também aí se está a realizar essa viragem, lenta, gradual…
Passadas já mais de três décadas, é tempo disso. Tempo das feridas históricas sararem de vez e de encetarmos um novo caminho de convergência entre todos os países lusófonos, já sem quaisquer fantasmas coloniais ou imperialistas, que apenas ainda alguns, parados no tempo, e reféns dos seus próprios preconceitos ideológicos, insistem em agitar…"
> A Causa da União Lusófona, tão cara aos princípios do MIL... Uma das missões do movimento é cumprir esse trabalho de sapa, divulgar essa noção e deixar frutificar a ideia. Como se fossemos agricultores das ideias plantando-a na ceara ansiosa por novidades e farta de uma sociedade e políticas obtusas.
"Em Portugal também já se sente essa aragem. Que não nos levará, decerto, a voltar as costas à Europa: somos e seremos sempre, para o bem e para o mal, europeus. Mas que nos levará a reconhecer que Portugal só terá futuro à escala lusófona. Como já alguém disse, Portugal será lusófono ou não será…"
> Não tenho essa certeza se seremos realmente "europeus"... Ou se seremos mesmo um "país" no sentido convencional do termo. É que acredito que não. Somos uma "ideia" uma "forma de estar no mundo" que a União Lusófona pode ser não o fim, mas o primeiro passo para uma "forma conversável" (Agostinho) de viver o mundo e as sociedades.
"É também por isso que é um beco sem saída repensar Portugal em si próprio. Se nos pensarmos fora do espaço lusófono, o nosso único caminho é o da trincheira: resistirmos, o mais que pudermos, à voragem da globalização…
Se nos pensarmos sempre já no espaço lusófono, o horizonte é, desde logo, muito maior. Mas, por isso também, mais longo é o caminho…"
Perguntavas pelo caminho do MIL: MOVIMENTO INTERNACIONAL LUSÓFONO? Eis o caminho: lento e gradual. O MIL não alinha em sprints…"
> Certo! Precisamos muito mais de um caminho, do que de um destino, porque o que falta é o primeiro, é por isso que Portugal parece sem eira nem beira: porque lhe falta um grande designío nacional, capaz de polarizar as energias adormecidas!
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