As instituições ligadas à Universidade da Cidade de Macau publicaram conjuntamente um relatório de estudo intitulado “Investigação sobre o Papel de Macau como Plataforma nas Relações de Comércio e de Cooperação entre a China e os Países de Língua Portuguesa no Contexto da Iniciativa ‘Faixa e Rota’” na passada sexta-feira, no sentido de comemorar a realização da Reunião Extraordinária Ministerial do Fórum de Macau e o 41.º aniversário da instituição de ensino superior...
Para Ip Kuai Peng, desde a criação do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa que a cooperação na área económica, comercial e de investimento entre a China e os Países de Língua Portuguesa se tornou mais alargada, e a relação de cooperação amigável luso-chinesa tem vindo a desenvolver-se constantemente. No entanto, “ainda há margem para a melhoria no âmbito da construção da plataforma de serviços de cooperação económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa em Macau”. O académico observou que, a título de exemplo, “há muito poucos casos de sucesso facilitados pela plataforma”, criticando a falta de aproveitamento máximo da plataforma em termos da reserva de quadros qualificados técnico-profissionais e dos serviços de circulação de informação. A este respeito, o académico sugeriu que, num contexto da iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’ e da construção da Área da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, a RAEM deveria acompanhar o que a China necessita e fazer bom uso das suas próprias vantagens para se integrar na construção da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin e nas indústrias emergentes que Macau irá desenvolver, designadamente o sector financeiro com características próprias de Macau, de Medicina Tradicional Chinesa e saúde abrangente e de Cultura e Criatividade. Defende ainda que, através da concretização e aprofundamento da plataforma de Macau, os laços entre a China e os países lusófonos podem ser reforçados.
O presidente do IROPC adiantou que é importante Macau integrar o seu posicionamento como o plataforma luso-chinesa, desenvolver serviços financeiros característicos adoptando o modelo de economia de plataforma, aproveitar as novas oportunidades de desenvolvimento trazidas por indústrias emergentes, tais como a cooperação inovadora de ciência e tecnologia, transformação e actualização das indústrias transformadoras e construção de infraestruturas, e reforçar as trocas económicas e comerciais entre a China e os países de língua portuguesa. Além disso, Ip Kuai Peng defende que Macau deve tomar as PMEs como o “eixo”, inovando o modo de cooperação com estas e permitir que as PMEs de Macau participem nos projectos com maior dimensão apoiados pelo Fundo de Cooperação e Desenvolvimento China-Países de Língua Portuguesa. Desta forma, haveria uma promoção das PMEs de Macau para cooperarem com empresas estatais ou grandes empresas do interior da China para procurarem interesses mútuos e expandirem os seus negócios.
O académico considera que também é essencial aprofundar a cooperação entre o interior da China, Macau e os países de língua portuguesa no domínio da vigilância sanitária e dos serviços de saúde, recorrendo à cooperação regional e aos apoios populares como um elo de ligação para construir a “comunidade de destino comum da humanidade”. Desta forma, Macau poderá desempenhar um papel “importante” e “insubstituível” na relação entre a China e os países de língua portuguesa, promovendo assim a realização de uma diversificação moderada da economia, tornando-se num bom exemplo de abertura e cooperação ao abrigo da iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’, reforçando a influência doméstica e internacional de Macau, argumentou o professor.
Macau poderá destacar as suas vantagens como centro de compensação do renminbi
O relatório salienta que a conectividade financeira é um pilar importante para a construção da estratégia ‘Um Faixa, Uma Rota’. Segundo o estudo, Macau pode destacar as suas vantagens como centro de compensação do renminbi para os países de língua portuguesa, e irradiar os mercados regionais da Costa Oeste do Rio das Pérolas, incluindo países de língua portuguesa e espanhola e países abrangidos pela iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’. Com as características financeiras especiais de Macau, poderá ser assim formada a sua própria posição única entre as cidades financeiras vizinhas, promovendo o desenvolvimento de sinergias regionais.
Reforço no intercâmbio luso-chinês
O relatório menciona ainda que, em termos de intercâmbio cultural luso-chinês, Macau deve fazer bom uso das suas próprias vantagens para melhorar o mecanismo de coordenação e promoção do intercâmbio e cooperação internacional em artes e humanidades através da criação de actividades de intercâmbio diversificadas e da construção de plataformas de intercâmbio regular, de modo a promover o desenvolvimento comum através da aprendizagem mútua.
Em termos de ajudar os jovens na inovação e empreendedorismo, o relatório sugeriu que Governo da RAEM recorra ao “Centro de Incubação de Negócios para os Jovens” para dar o apoio aos jovens do interior da China, de Macau, e dos países de língua portuguesa, facilitando os procedimentos de iniciação dos seus negócios. Sugeriu também a implementação do “Programa de Intercâmbio de Inovação e Empreendedorismo para Jovens da China e dos Países de Língua Portuguesa” para promover a interacção entre jovens chineses e portugueses. Para além disso, e através da promoção da cooperação da área de tecnológica na geração mais nova, será aumentada a competitividade empresarial, destacando ainda a importância de se organizarem visitas de estudo regulares para jovens chineses e portugueses, agilizando a compreensão mútua sobre o ambiente de negócios da China e de Portugal.
Comunidade macaense e diásporas como força motriz
Para o vice-presidente do IROPC, Francisco Leandro, devido ao seu passado histórico, Macau conseguiu formar uma relação com países de língua portuguesa. A comunidade macaense e as diásporas de Macau podem usar as suas amplas redes interpessoais e base económica exterior para promover o intercâmbio entre o povo chinês e os países da língua portuguesa e a compreensão mútua entre as comunidades portuguesa e chinesa, bem como dos países abrangidos pela iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’.
Macau como um polo integrado
Chao Peng, director do MOCORRC, espera que Macau continue a expandir as suas funções de serviço da plataforma luso-chinesa, formando um polo integrado da plataforma luso-chinesa, do ponto de ligação entre os países abrangidos pela iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’ e da extremidade na costa Oeste da Área da Grande Baía. Através das refinadas funções de serviço, Macau poderá acompanhar o desenvolvimento da Zona de Cooperação em Hengqin e da iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’, referiu ainda Chao Peng. Para responder às necessidades de desenvolvimento dos países lusófonos e à necessidade de serviços comerciais, formou-se um centro de distribuição eficiente e pragmático de serviços de cooperação económica e comercial entre a China e os países lusófonos, e para melhorar o estatuto e a visibilidade de Macau como uma plataforma luso-chinesa num palco internacional.
Atracção e retenção de quadros qualificados técnico-profissionais
O professor auxiliar especializado em Relações Internacionais da Universidade da Cidade de Macau, Eusébio Leou, salientou que Macau, como elo de ligação para promover a iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’ e a plataforma luso-chinesa, e acompanhar o desenvolvimento da Área da Grande Baía e promover a diversificação moderada da economia local, necessita de uma reserva de quadros suficiente. Por um lado, é fundamental atrair e capturar os quadros qualificados técnico-profissionais, sobretudo os jovens “talentos” de Macau que tiveram experiência de estudo exterior equipados com competência e visão no sentido de fazer a ponte de comunicação entre a China e os países da língua portuguesa no âmbito de negócios e comércio para trabalhar em Hengqin e em Macau. Por outro lado, o docente considera indispensável valorizar os “talentos”, oferecendo garantias mais atractivas para proteger os quadros qualificados técnico-profissionais que estão presentes, de modo a assegurar os seus compromissos a longo prazo no esquema de construção da Área de Grande Baía e da plataforma luso-chinesa.
Aposta na educação de bilinguismo profissional
Para o professor de Língua Portuguesa, Pedro Paulo dos Santos, Macau deve fazer bom uso das instituições de ensino superior sob a égide da “Aliança para o Cultivo de Talentos Bilingues na China e em Portugal”, apostando mais na educação relativa à tradução luso-chinesa e à língua portuguesa, de modo a construir uma “Base de Formação de Quadros Bilingues de Chinês e Português”, bem como para integrar os currículos disciplinares de língua portuguesa aplicada ao comércio para que proporcione mais quadros qualificados jurídicos bilingues para a cooperação empresarial e comercial com os países de língua portuguesa.
Sheng Jian resumiu que, no contexto da actual construção da Área de Grande Baía, a cooperação constante entre a China e os oito países de língua portuguesa baseada em “confiança e reciprocidade mútua” é uma “manifestação prática do elevado nível de abertura na nova Era”, dizendo acreditar que Macau, como sede do Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, sairá beneficiado com a diversificação moderada da economia. Dinis Chan – Macau in “Ponto Final”
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