Vivemos
e sobrevivemos num período inigualável para as atuais gerações de dirigentes
associativos. Nos últimos anos o mundo evoluiu em inúmeras variáveis da sociedade,
por exemplo tornando quase sem interesse o convívio social em instalações
associativas e culturais.
De
forma sintética vamos abordar, de que forma ponderamos o papel das associações
no presente e no futuro; sem antes transmitir a nossa preocupação para a
eventual elevada percentagem de associações que poderão desaparecer no
pós-convid19.
Há
inúmeros fatores que contribuirão para aquele desaparecimento. Alguns,
inerentes aos recursos humanos, porque a maioria das pessoas tiveram o
comportamento normal de sobrevivência de si e dos mais próximos. A
solidariedade e o associativismo foram secundarizados como é natural.
Sendo
assim, a fragilidade que se vai propagar para os tempos mais próximo trará em
alguns casos maiores custos, para algumas associações que já viviam em crise
pré-convid19, muitas sobreviviam e geridas acima das suas capacidades.
As
associações, clubes e algumas instituições assentam a sua base de funcionamento
no grau de voluntariado. Ora, como sempre consideramos que vivemos neste período
um combate em guerra biológica, não estamos afirmar premeditada; consequentemente
o individualismo prevalece face ao coletivismo.
No
período mais curto prevemos assimetrias associativas em várias áreas de
atividade, por exemplo, há assunção que muito naturalmente haverão associações
para com as quais se abrirão outras oportunidades. As associações que possuam
na sua estratégia ou no espirito de missão a área social têm o dever e a
obrigação de atender à oportunidade de cumprirem em pleno este desiderato.
Muito
naturalmente, após uma crise económica, surgirá uma crise financeira e daí
advirá a provável crise social agravada por questões não resolvidas a montante.
Por isso consideramos que existirão associações a desempenhar um papel
importante na sociedade.
Sabe-se
convictamente a percentagem de valor económico que o mundo associativo
incrementa na área social, no entanto no famoso plano de recuperação económico
apresentado não há espaço para abordar este tema, esquecendo que o encerramento
de centenas de associações serão milhares de postos de trabalho desativados,
alguns criados com muita precariedade.
Não
se confunda voluntariado com gratuitidade, porque uma associação pode ter
voluntários mas para os ter a sua atividade acarreta custos de funcionamento e
na sua maioria acabam por “contratar” recursos humanos para execução de tarefas
que de per si os dirigentes não conseguem cobrir diariamente. E são também
aquelas “contratações” que têm os seus rendimentos em causa no pós-convid19.
Seguramente existirá a oportunidade em criar modelos de gestão em partilha
associativa que há muito defendemos. Existem áreas de atuação que são comuns a
inúmeras associações, tornando-se umas mais céleres e eficazes que outras, como
tal a complementaridade de aglutinar esforços e agregar interesses sem intuito
de anulação de qualquer projeto deve ser encarada por muitos.
A
aglutinação e a complementaridade pode dar-se por identidade da missão de
serviços ou por focalização no espaço territorial neste mundo global.
Se
acreditamos que o surgimento do covid colocou a nu muitas das fragilidades da
humanidade no séc. XXI, também devemos acreditar que o modelo associativo vai
ter a capacidade de se regenerar e vencer as crises que se avizinham; por fim,
serão eternas as associações que assentam em valores e transmissão de
conhecimento, ao invés daquelas que tem os seus pilares em momentos épicos
individuais, as quais a sua durabilidade é perigosamente colocada em causa.
Zeferino Boal
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