Portugal e Timor-Leste assinaram um protocolo que marca o arranque de um novo projeto de formação contínua em língua portuguesa de professores do ensino não superior, com um custo de 16,28 milhões de euros até 2022
O protocolo do projeto Pró-Português foi assinado pelo presidente do Camões, Instituto de Cooperação e da Língua, Luís Faro Ramos – que está em visita a Timor-Leste – e a ministra da Educação, Cultural, Juventude e Desporto, Dulce Soares.
“O investimento de Portugal com Timor-Leste na área da educação é sólido e tem dado resultados muitos concretos. Iniciamos agora uma nova fase na nossa cooperação. Representa um salto qualitativo e quantitativo para outro patamar”, explicou Luís Faro Ramos.
O Projeto Pró-Português de formação contínua de professores, engloba várias atividades destinadas à “consolidação do sistema educativo e melhoria da qualidade do ensino em Timor-Leste, através do apoio ao setor da formação profissional e contínua do pessoal docente do sistema educativo do ensino não superior timorense”.
O projeto prevê ainda o desenvolvimento das competências e proficiência em Língua Portuguesa – Nível B2 de todos os professores, de todos os ciclos de ensino (Educação Pré-Escolar, Ensino Básico e Secundário) do sistema educativo do ensino não superior timorense, de escolas dos 65 Postos Administrativos.
Anualmente haverá cerca de “520 horas de formação para uma média de 4300 professores”, permitindo que “num prazo de três anos, que todos os professores do sistema educativo nacional atinjam o nível B2 de proficiência linguística em língua portuguesa.
A ministra da Educação e Desporto, Dulce Soares, sublinhou a aposta de “futuro” que o Governo tem feito no sistema educativo desde a restauração da independência, para responder ao “enorme desafio de reconstruir o sistema educativo”.
Considerando que a formação de professores com qualidade é algo complexo e que demora tempo, exigindo investimento, mas também “uma mudança de mentalidade dos professores, virados para escola e seus alunos”, apontou.
A governante disse que o projeto surge depois de testes diagnósticos em 2015 mostrarem que “78% dos professores timorenses (…) possuíam um conhecimento incipiente de língua portuguesa, o que resultava em dificuldades no uso da língua portuguesa como língua de instrução em sala de aula”.
Por isso, e para acelerar o processo de formação, o Governo timorense recorreu “aos parceiros de sempre”, Camões e Portugal para criar um novo projeto que atuará a nível local, “focado apenas no desenvolvimento de competências linguísticas”, disse Dulce Soares.
“Um grande projeto que tem um grande objetivo, elevar o domínio e proficiência de todos os professores do ensino não-superior”, afirmou.
O protocolo assinado assenta numa “estratégia de gradual sustentabilidade”, assegurada pela criação e capacitação de uma Bolsa de Formadores timorenses em Língua Portuguesa que permitirá, conjuntamente com os professores portugueses, “uma implementação partilhada e a organização de estruturas próprias timorenses que assegurem a continuidade da intervenção”.
Será implementado de forma conjunta pelo Camões e pelo Instituto Nacional de Formação de Docentes e Profissionais da Educação (INFORDEP), refere o protocolo.
O acordo prevê que a maior fatia do projeto seja financiada pelo Governo timorense, cabendo ao Camões o cofinanciamento no valor total de 3,34 milhões de euros durante os três anos de vigência do projeto.
Prevê-se que estejam envolvidos no projeto 33 professores portugueses com dois coordenadores a que se somam 53 formadores efetivos timorenses (mais 53 suplentes) escolhidos pelo INFORDEP.
“Traduz uma aposta muito ambiciosa de Timor-Leste e de Portugal na consolidação da língua portuguesa como língua oficial de ensino, permitindo aumentar a qualidade do ensino básico e básico geral”, afirmou Luís Faro Ramos.
Orientado pelos vetores de “proficiência, profissionalismo e professores”, o projeto amplia o anterior “Formar Mais”, com uma amplitude geográfica maior e abrangendo diretamente os docentes do sistema educativo timorense, numa lógica de formação contínua.
Além de se dedicar exclusivamente à formação de e em língua portuguesa, o Pró-Português abrange um número maior que nunca de formandos, incluindo pela primeira vez o uso do ensino a distância, com o apoio das tecnologias da informação.
Desde 2000 que Portugal tem vários projetos neste setor, o primeiro dos quais, executado até 2011, de “Reintrodução e de Consolidação da Língua Portuguesa”, visando tanto docentes como outros funcionários públicos.
Seguiu-se, entre 2012 e 2014 o Projeto de Formação Inicial e Contínua de Professores (PFICP), que apoiou a reconstrução do sistema educativo de Timor-Leste e consolidação da Língua Portuguesa como língua de escolarização.
O projeto centrou-se ainda na formação e acompanhamento científico e pedagógico dos professores na implementação dos novos Currículos do 3.º Ciclo do Ensino Básico, do Ensino Secundário Geral e do Ensino Secundário Técnico-Vocacional.
Finalmente surge em 2015 o “Formar Mais” que terminou no ano passado.
“É notório o que, nos últimos 17 anos, os sucessivos Governos de Timor-Leste têm conseguido alcançar no setor da Educação. Contudo, creio que partilhamos a ideia de que subsistem ainda grandes desafios pela frente, muitos deles a solicitar união de esforços por uma maior qualidade dos serviços de educação e investimento no desenvolvimento das capacidades dos professores”, disse Faro Ramos. In “Sapo Timor-Leste” com “Lusa”
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