Artur Alonso
Galiza,
vive hoje uma tendência de assimilação linguística e cultural, que as eleições
de estes dias não fazem mais que reforçar e que submerge suas raízes desde que
no medievo o Reino da Galiza, tentou hegemonizar o domínio peninsular, e este
projeto cheio de azar, teve continuidade e sucesso, no projeto de dominação
castelhano, como muito bem tem estudado autores como José Manuel Barbosa e
Anselmo López Carreira, entre outros...
De haver sido nós os dominadores talvez agora estaríamos nós, precisamente,
assimilando cultural e linguisticamente outros povos (algo que também não seria
desejável). No entanto a história virou de costas para nós... mesmo antes da
Doma e Castração de Isabel e Fernando... mesmo antes do esvaziamento do nosso
poder nobiliar e substituição no cimo do controle de poder galego por aliados
diretos do poder castelhano aragonês... mesmo de antes de impossibilitar as
famílias galegas exercer cargos públicos no seu próprio território... etc.
Esta falta dum poder galego identificado com o país é o que levou a dia de
hoje, a reafirmar essa velha tendência secular de integração, na unidade maior
centralista espanhola, baixo a visão de unidade linguístico - cultural
castelhana... Ao invés do que está a suceder em Catalunha e em Euskadi – este
ultimo território cujas recentes eleições coincidiram com as galegas –
processos, que pela contra, mostram uma consolidação lenta, não isenta de
problemas de lutas com poder central – também com força assentado nestas nações-,
mas com capacidade autóctone de comandar um projeto de recuperação identitária,
que pouco a pouco vai sendo assente em mais e mais camadas da população; o qual
afunila, de cada passo em favor da cultura vasca e catalã, um pouco mais a
margem de manobra dos partidos estatais e das visões “espanholistas” que certos setores sociais, ainda conservam, em
ambas nacionalidades.
Outra
tendência: a de Unidade Espanhola na diversidade fica ferida morte, e sendo já
residual, desde que a oposição do PP impedira em épocas anteriores um redesenho
do marco estatal espanhol, reforma constitucional incluída; situa em cima da
mesa um debate que o próprio PP (antes Aliança Popular), tenta evitar desde o
inicio da democracia: o modelo adequado de Estado, para a convivência pacifica
entre os distintos povos da Espanha.
Frustrado
esse debate desde a constituição das autonomias como um “café para todos”
Euskadi e Catalunha, são cientes a dia de hoje, que no marco atual Espanhol,
seu acomodo passa, pela lenta mais continua substituição lingüística, assim
como a perda de valores culturais que os identifica como povos, dado o que está a acontecer em
Valencia, Baleares e Galiza; onde a chamada língua mãe, já é muito minoritária
nas novas gerações, e onde como no caso galego tão só o 3% dos meninhos e
meninhas em idade de pré-escolar são escolarizados na língua do país. Assemade
com a visão imposta, tempo atrás, do castelhano como língua espanhola... e pelo
tanto única língua de comunicação entre as distintas comunidades do Estado, as
outras línguas também espanholas ficam subordinadas a mal chamada “língua
comum”... que em nenhum período histórico, foi aceite democraticamente pelo
resto dos territórios do Estado, como a língua franca de uso na península...
Deste
jeito, sem capacidade de auto governo real, Galiza, avança neste novo marco
nascido destas eleições, a passos cada vez mais firmes, para a unidade
linguístico e cultural, como o resto do estado, baixo domínio do castelhano;
enquanto Catalunha e Euskadi, avançam para a tentativa de consolidar uma
identidade própria, que na curta ou na longa - tudo vai depender dos tempos
políticos na Espanha e na Europa - terão de desembocar, de facto ou realmente,
em a consecução dum Estado Soberano...
No
referente à Galiza, o abandono da tradicional via de reintegração do galego no
seu sistema linguístico galaico-português, visão majoritária no exílio e dentro
do galeguismo histórico; e o inicio do processo de isolamento - e subsidio
linguístico, da nossa língua do castelhano, que rematou no decreto Filgueira e
as ainda vigentes Normas Ortográficas e Morfológicas do Idioma Galego
(ILG-RAG); que foram de grande dano para cultura galega, ao impedir que o
galego virasse em língua internacional, com todas as possibilidades e
potencialidades que isso com leva; facilita claramente a expansão do
castelhano, que conta com redes poderosas internacionais audiovisuais, com as
quais nossa língua não pode concorrer.
Esta
separação da nossa língua do seu tronco comum acelera a visão de inutilidade do
galego, de impossibilidade na comunicação com o mundo lusófono e de
incapacidade para criar "gírias urbanas" ou novo léxico, que obriga
mesmo a mocidade galeguista a "copiar" léxico urbano castelhano,
acelerando a substituição linguística, que hoje mesmo se da no meio rural...
onde as poderosas redes audiovisuais castelhanas, que dominam o panorama
jornalístico e televisivo na Galiza, chegam com facilidade... enquanto a Mídia
lusófona que poderia igualar este processo, não pode ser recebida, e mesmo sendo
recebida seria percebida como uma língua estranha, não nossa; como hoje a
percebe o português a maior parte dos galegos e galegas....
O real
é, pois, que não sendo uma aprofundação da grave crise económica, e certo
contágio nos processos de Catalunha e Euskadi, se estes tiveram sucesso, tanto
no político como na viabilidade económica; em um breve o menos breve futuro,
Galiza se encaminha diretamente a seu encaixe dentro da Espanha, numa unidade
cultural, sem diversidade linguística, com predomínio total do castelhano, e
assunção de normalidade e naturalidade, neste processo.
Mesmo em
poucos anos, de seguir está tendência, o antinatural e o anormal, seria
"impor o galego".
Sem comentários:
Enviar um comentário