Foi finalmente publicado o
volume que resultou do Congresso Internacional «Pensamento, Memória e Criação
no Primeiro Centenário da Renascença
Portuguesa (1912-2012)», que decorreu no Porto e em Amarante, no final de
2012, ano em que se comemorou o primeiro centenário da criação da “Renascença
Portuguesa”, movimento cultural e cívico que mobilizou a elite da época.
Saudamos, desde logo, o facto do
volume ter sido publicado com a chancela da própria Universidade do Porto.
Comemorando-se em 2019 o primeiro centenário da Faculdade de Letras de Porto,
que teve como figura de referência Leonardo Coimbra, que foi igualmente, a par
de Teixeira de Pascoaes, o rosto maior da “Renascença Portuguesa” e da Revista
“A Águia”, esta publicação consolida esse enraizamento histórico, o que não
podemos deixar de saudar no plano institucional. As instituições com mais
futuro são sempre aquelas que não renegam as suas raízes.
Trata-se de um extensíssimo
volume, com quase sete centenas de páginas, que se inicia com um Prefácio
assinado por Guilherme d’Oliveira Martins e que se estrutura em várias secções,
tendo a primeira delas por título “Perspectivas Gerais”, onde podemos ler os
seguintes textos: «Situação histórica e significado cultural da “Renascença
Portuguesa”», de José Esteves Pereira; «Os 100 anos d’ O Saudosismo, de
Teixeira de Pascoaes», de António Braz Teixeira; «Nos 100 anos d’ O Criacionismo, de Leonardo Coimbra», de
Manuel Cândido Pimentel; e «Camões e o legado da “Renascença Portuguesa”», de
José Carlos Seabra Pereira.
Na secção seguinte, “Filósofos
da Renascença”, são
sucessivamente abordadas as figuras que, no plano filosófico, mais marcaram
esse movimento cultural e cívico, bem como aquelas que, nas décadas seguintes,
mantiveram viva essa matriz – nomeadamente: Sampaio Bruno, Guerra Junqueiro, Leonardo
Coimbra, Teixeira de Pascoaes,
Fernando Pessoa, Raul Proença, António
Sérgio, Álvaro Pinto, Teixeira Rego, Newton de Macedo, Aarão de Lacerda, Álvaro Ribeiro, José Marinho, Agostinho
da Silva, Sant’anna Dionísio, Adolfo Casais Monteiro, Ângelo Ribeiro e Delfim
Santos. Esta secção, a mais extensa, termina com um ensaio de Pedro Martins, da
Universidade do Minho, intitulado “A 2ª Série de A Águia e o surgimento da Renascença
Portuguesa”.
As secções seguintes abordam
outras facetas igualmente relevantes da Renascença
Portuguesa: “Cultura e Intervenção Política”, com textos de José Gama, Manuel Gama, Luís Garcia
Soto, Sérgio Campos Matos
e Ernesto Castro Leal; “Teatro e
Ficção”, com textos de Maria Luísa
Malato, Duarte Ivo Cruz, Miguel Real, Maria João Reynaud e José Almeida; “Música e Artes
Plásticas”, com textos de Edward Luiz Ayres d'Abreu, Isabel Ponce de Leão e Paula Pina; “Poetas da Renascença”, com textos de António Cândido Franco, Cristina Nobre,
Annabela Rita, Gilda Nunes Barata,
Duarte Braga e Samuel Dimas; “Educação”,
com textos de Manuel Ferreira Patrício
e José Carlos Casulo.
A secção final, “A Renascença Portuguesa: a Galiza e
o Brasil”, dá conta das repercussões deste movimento cultural e cívico para
além das nossas fronteiras, desde logo na Galiza e no Brasil – nas palavras da prestigiada filósofa
brasileira Constança Marcondes César: “[No Brasil] os ideais da Renascença Portuguesa são amplificados,
tornando-se projeto de reformulação e resgate do sentido do homem e da vida
social. O diálogo se dá através da relação dos pensadores portugueses com
membros da Escola de São Paulo, exponencialmente representada por Vicente
Ferreira da Silva e Miguel Reale.”. Mais de cem anos depois, eis a chama que,
dos dois lados do Atlântico, mais importa reavivar, para iluminarmos o nosso
futuro comum. Tal como as instituições, os países com mais futuro são sempre
aqueles que não renegam as suas raízes.
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