Edmundo Curvelo (Arronches, 1913 – Lisboa, 1954), apesar da sua curta vida,
marcou a história da filosofia portuguesa do século XX, sobretudo na área da
lógica – Manuel Curado, no estilo enfático que o caracteriza, considerou mesmo,
na História do Pensamento Filosófico
Português (Caminho, 2001) que “para o melhor e para o pior, Curvelo é a
lógica do século XX em Portugal.”. Edmundo Curvelo doutorou-se, em 1948, na
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa com uma tese intitulada Multiplicidades Lógicas Discretas, tendo
tido como arguentes Vieira de Almeida, Mattos Romão e Joaquim de Carvalho. Na
mesma Faculdade, entre 1932 e 1936, havia já cursado Ciências Históricas e
Filosóficas, tendo aí obtido o grau de licenciado. Depois de licenciado,
Edmundo Curvelo foi professor – primeiro no Colégio Moderno e depois,
sucessivamente, até ao Exame de Estado no grupo de Filosofia e História, nos
liceus Bocage, em Setúbal, Pedro Nunes e Passos Manuel, em Lisboa, e Jaime
Moniz, no Funchal. Entre 1944 a 1946, veio a ser também o primeiro professor
civil do Colégio Militar, onde organizou e montou um Laboratório de Psicologia.
Depois da entrega da tese de doutoramento, em 1947, passou a integrar o quadro
de professores da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde leccionou
História da Filosofia Antiga, Moderna e Contemporânea, Teoria do Conhecimento,
Moral e Lógica. Por fim, depois de ter realizado o curso de Peritos
Orientadores foi, a partir de 1949, também professor do Instituto de Orientação
Profissional. Nesta condição, foi um dos precursores, em Portugal, na
introdução dos testes psicotécnicos.
Joel Serrão (Funchal, 1919 – Sesimbra, 2008) teve uma vida bem mais longa
do que Edmundo Curvelo (viveu mais do dobro dos anos). Tendo-se igualmente
licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa, foi, em 1942, juntamente com Rui Grácio, director do
jornal cultural Horizonte, editado
pela Associação de Estudantes da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa,
jornal cultural que publicava sobretudo escritos de autores ligados ao
neo-realismo. De 1948 a 1972, foi professor do liceu em Viseu, Funchal, Setúbal
e Lisboa. Foi depois professor do Instituto Superior de Economia da
Universidade Técnica de Lisboa e da Faculdade de Letras da Universidade de
Lisboa e dirigiu o Centro de Estudos de História do Atlântico (Madeira); foi
ainda membro do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian e
chegou igualmente a ser professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da
Universidade Nova de Lisboa. Ao contrário de Edmundo Curvelo, que nos deixou um
pensamento filosófico original, sobretudo, como salientámos, na área da lógica,
Joel Serrão foi essencialmente um historiador e um hermeneuta. Destacamos aqui,
como exemplo, os seus estudos sobre Sampaio Bruno, a partir de um olhar que, ao
contrário do que se poderia esperar, não é muito diferente da visão de Álvaro
Ribeiro, como, de resto, foi já devidamente salientado nas páginas da Revista
NOVA ÁGUIA (cf. António Cândido Franco, “Sobre o Sampaio Bruno de Joel Serrão”, in NOVA ÁGUIA nº 16, 2º semestre de
2015).
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