Longe do foco dos “media”,
sempre mais interessados na superfície do que na profundidade, saíram no
primeiro semestre de 2016 duas obras tão volumosas quanto marcantes para a
Filosofia Portuguesa, por extensão, para a Filosofia Lusófona.
A primeira tem por título
“Dicionário Crítico da Filosofia Portuguesa” (Círculo de Leitores/ Temas e
Debates), obra coordenada pela Professora Maria de Lourdes Sirgado Ganho, da
Universidade Católica Portuguesa, e é uma obra monumental, com mais de
oitocentas páginas, em que constam todos os nomes da Filosofia Portuguesas e em
que igualmente se recenseiam algumas das obras filosóficas mais relevantes.
Obviamente, neste tipo de
obras é sempre impossível encontrar falhas – não apenas na lista de obras
objecto de sinopses, como inclusive na lista dos autores referidos. Quanto a
estes, por exemplo, poder-se-iam ter incluído os nomes de Inácio Monteiro
(1724-1812) e de Carlos Eduardo Soveral (1920-2007). Quanto àquelas, a escolha
é certamente questionável, mas, ainda assim, a selecção de obras dá-nos uma boa
panorâmica da Filosofia Portuguesa.
Bem mais questionável é, a
nosso ver, a indicação bibliográfica que se refere relativa a muitos dos
autores. Aí, há muitas falhas, que deverão ser corrigidas numa futura reedição
da obra. Sobretudo porque há fontes bibliográficas onde essa informação está
disponível – falamos, nomeadamente, do Repertório da Bibliografia Filosófica
Portuguesa, que nós próprios temos coordenado (www.bibliografiafilosofica.webnode.com). Quanto ao mais, também se poderia indicar
alguma falta de uniformidade nas entradas – mas em obras colectivas, como é o
caso, isso é sempre algo de inevitável.
Por fim, destacamos ainda a
publicação do nono volume das “Obras de José Marinho” (Imprensa Nacional – Casa
da Moeda), coordenado pelo Professor Jorge Croce Rivera, da Universidade de
Évora, com quase um milhar de páginas, que corresponde ao terceiro e último tomo
referente à obra “Teoria do Ser e da Verdade”, a obra prima de José Marinho
(1904-1975) no plano mais filosófico-metafísico e uma das obras maiores da
Filosofia Portuguesa até hoje produzidas.
Neste volume, poderemos
confirmar o quanto essa obra, publicada em 1961, foi sendo sucessivamente
reescrita e reestruturada, ao longo de mais de uma década, num esforço quase
que sisífico para chegar à versão perfeita, qual “obra definitiva de filosofia
em que [ele, Marinho] resolvesse todos os problemas”, desiderato expresso num
dos seus “Aforismos sobre o que mais importa”. Mais de meio século depois e
tendo agora acesso a todos estes textos, difícil não dar inteira razão a António
Telmo, quando se lhe referiu “como uma montanha inacessível na planície
acidentada do pensamento português” [cf.
“O pensamento iniciático de José Marinho”, in Cultura Portuguesa, nº 1, 1981, p. 25].
Agenda MIL – 6 de Dezembro, NOVA ÁGUIA 18 no Algarve: | 14h30:
Universidade do Algarve | 18h00: Biblioteca Municipal de Portimão | 21h00: Sociedade
de Instrução e Recreio Messinense
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