José Régio, pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira, nascido e
falecido em Vila do Conte (17 de Setembro
de 1901 — 22 de Dezembro de 1969), foi uma das figuras mais marcantes da
cultura portuguesa do segundo terço do século XX, ainda que a visão sobre a
valia da sua obra não fosse unânime, nomeadamente entre a chamada “Filosofia
Portuguesa”.
José Marinho, de quem foi muito
amigo e assíduo correspondente epistolar, chegou a considerá-lo como “demasiado
cristão” [Nova Interpretação do
Sebastianismo e outros textos, “Obras de José Marinho”, vol. V, Lisboa,
Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2003, p. 37], como “o poeta mais humano, ou
antropológico, de toda a nossa literatura.” [Teixeira de Pascoaes, Poeta das Origens e da Saudade, “Obras de
José Marinho”, vol. VI, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2005, p.
283].
Ao invés, o seu “irmão espiritual” Álvaro Ribeiro qualificou-o como
“o nosso maior poeta do paraíso perdido” [As
Portas do Conhecimento: dispersos escolhidos, compil. e pref. de Pinharanda
Gomes, Lisboa, Instituto Amaro da Costa, 1987, p. 295], mais ainda, como “a
figura central da literatura portuguesa no século XX” [ibid., p. 331]. Por isso, de resto, dedicou-lhe um extenso livro (A Literatura de José Régio, Lisboa, Soc.
de Expansão Cultural, 1969).
Nesse livro, procura justificar a
dimensão meta-literária (leia-se: filosófica) da sua obra: “Em José Régio se
nos afigura que não foi pela ideia de Deus, mas pelo estudo do homem, ou do
aperfeiçoamento do homem, ou da desumanização, que principiou o pensamento
filosófico. Ele o confessa, no momento em que alude às suas disposições de pensador, em página
célebre da sua já conhecida autobiografia
espiritual. Não é só a expressão lírica o que interessa a José Régio, mas a
comunicação do homem como os seres que lhe são superiores e que lhe são
inferiores (…).” (ibid., p. 291).
Acrescentando ainda, umas mais
páginas mais à frente: “Cumpre-nos, portanto, avaliar e valorizar a obra de
José Régio pela contribuição que ela prestou à filosofia portuguesa para
conhecer o homem, ou seja, para fundar a antropologia. Se o humanismo de José
Régio fosse apenas de matiz naturalista, culturalista e socialista, como o de
muitos escritores contemporâneos, tal obra não seria mais do que uma variante
entre outras de igual valor sectário. Como expressão do sobrenatural mediante a
palavra humana é que a obra de José Régio assume uma alta cotação na ordem
superior da literatura portuguesa” (ibid.,
p. 305).
Agenda MIL: esta sexta, 9 de
Dezembro, às 18h, apresentação da NOVA ÁGUIA 18 na Associação Caboverdeana de
Lisboa.
1 comentário:
gosto muito do poema "cântico negro"!
bom dia para si
Angela
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