O número de falências empresariais no Rio de Janeiro poderá crescer em 5% com o fim dos Jogos Olímpicos (Rio2016), cuja cerimónia de encerramento acontece neste domingo na 'cidade maravilhosa'. Se consideradas as micro e pequenas empresas, o fenómeno de insolvências vai aumentar 12%, antecipa um estudo divulgado pela Solunion, uma seguradora de crédito participada da Euler Hermes.
O
relatório, baseado em previsões da Euler (grupo Allianz), começa por admitir que os Jogos Olímpicos (JO) terão gerado um crescimento [económico] ligeiro e algum emprego de curto prazo (e de baixas qualificações) no Brasil.
Mas o seu impacto líquido será «negativo», nomeadamente ao nível do aumento da dívida pública (a subir de 74% em 2015 para uma previsão de 90% do PIB do país em 2017); das pressões inflacionistas (que serão visíveis até 2020, dada a rigidez dos preços na economia brasileira) e; pelo número falências empresariais que, cujo aumento na região do Rio será de até 12% (se consideradas as micro e pequenas empresas), a comparar com um aumento médio de 0,4% a 1% para o mesmo setor institucional a nível nacional.
Na fase de investimento nos JO (sobretudo de 2011 a 2014) os principais focos de atividade foram os setores de construção e serviços, estimando-se que os investimentos em infraestrutura tenham somado 38 500 milhões de reais (cerca de 10,5 mil M€ ao câmbio atual) entre 2009 e 2016 (período que também abrange a organização do mundial de futebol de 2014).
Depois, prossegue a análise, já em 2016, emergiram os negócios relacionados com a alimentação, transporte, serviços domésticos, alojamento, comunicações e ócio, mais direcionados para a realização das Olimpíadas. Com o fim do evento, estas atividades serão as mais ameaçadas pelas insolvências.
Na análise ao fenómeno das falências, o estudo antecipa que depois do evento se possa assistir, em termos gerais, a um incremento «de 22% nas insolvências empresariais a nível nacional» em 2016.
Globalmente, além da fenómeno das insolvências (com consequências no desemprego), problemas como a inflação e a dívida pública (sobretudo no estado do Rio de Janeiro, que já enfrenta problemas de Tesouraria e já teve de recorrer a auxílio do governo federal) poderão ser «ampliados» no período depois do evento Rio2016, nota Daniela Ordóñez, especialista da Euler Hermes para a América Latina, citada no relatório.
Calculando que os JO impulsionem o PIB brasileiro por um valor «insignificante» ( 0,05 pontos em 2015 e 0,03 em 2016) - considerando sobretudo o investimento, mais o efeito positivo temporário no emprego e a receita gerada (turismo e consumo) -, o estudo refere, no entanto, que estes fatores mostram-se «totalmente insuficientes para compensar a grave crise económica» que afeta o Brasil desde antes dos JO.
De resto, o estudo estima que a recessão no Brasil se situe em 3,5% em 2016, depois de uma contracção que atingiu 3,8% e 2015.
Diário Digital
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