Um enorme cartaz dominou os dois dias do evento. 23 e 24 de outubro de 2015. Um cartaz com um desenho minucioso do monumento as Descobrimentos. Aquele de Lisboa, com o Infante D. Henrique à frente, com um dos seguidores, Frei Henrique de Coimbra, o oficiante da primeira missa no Brasil, a ser depois referido, como tendo sido bispo por aqueles lados, e estando sepultado na Catedral manuelina local.
E os nomes de filhos da terra ligados a essa epopeia portuguesa. Como Aires Tinoco, navegador, que, adolescente, conseguiu levar uma caravela da Guiné a Portugal(1446), passando ao largo das actuais costas da Guiné-Bissau, Senegal, Gâmbia, Mauritânia, Sahará Ocidental, e Marrocos, com a ajuda de dois inexperientes jovens, como ele, referido por Zurara. E Frei João Vicente da Fonseca (falecido em 1587) , que exerceu , por algum tempo, o governo de Goa, chegando a ser seu Arcebispo. E o tal Frei Henrique de Coimbra, o da missa no Brasil nascido ou não por ali, mas que lá foi bispo. E o Padre Manuel Fernandes, um jesuíta afamado (1530-1593). E outro jesuíta célebre, Lourenço Mexia (1539-1599), falecido como mártir no Japão.
E a lista prossegue Longa, muito longa. Para espanto de muitos. Bartolomeu Pais Bulhão, João Carreiro, Frei Manuel Fruz (talvez Cruz), João Rodrigues Galego, António Lobo da Gama, Estêvão Vaz da Gama (pai de Vasco da Gama), Garcia da Gama, Fernão Gil, João da Gama Lobo, , Manuel Laborinho Morais, João Ribeiro de Morais, João Borges Morais, João Pico Restolho, Simão Luís Rego, Cristóvão da Cunha Trinchão, Rui Vicente, Estêvão Mendes Carapeto, Álvaro Castanho, João Ruiz Dias, Isabel Rui Gama (uma senhora!), António Lobo, Fernão Lobo, Manuel Lobo,João Pessanha Loureiro (casado com uma filha importante da terra), Luís Loureiro, António Torres, António Lopes Olivença, Maria Olivença (outra senhora...), Diogo Olivença, Vasco Eanes Olivença, (São) Brás de Olivença...
E quantos mais? Como sabê-lo? Há aqui famílias inteiras. Na Índia, no Japão, em África (principalmente nas praças de Marrocos), no Brasil. Nos séculos XV, XVI, XVII, e até XVIII. Numa Epopeia que teve de tudo. Heroísmo e abnegação. Crueldade e desrespeito. Rejeição e herança que perdura. Sonhos realizados e pesadelos infernais. Ascensão e queda.
Fica a memória. O sentimento de ter feito parte de tudo. em complexos. Esforço duplo, porque tudo se fez par apagar essa memória. Ali, em Olivença.
No público, alguns dos mais de duzentos oliventinos que no espaço de dez meses obtiveram a nacionalidade portuguesa (desde dezembro de 2014). Graças ao esforço da associação local «Além Guadiana». Que, passando por cima do problema da soberania, reivindica a herança portuguesa de Olivença. Na História. Na Cultura. Na Língua Portuguesa. Apenas isso. Perante um insidiosa indiferença de círculos portugueses, que talvez não percebam tanto de cultura como apregoam, Ou não acreditam ainda.
Numa das duas noites, atuou Luiz Caracol. Música portuguesa com traços de todo o mundo. Brasil, África. Assim é a História de Portugal. Assim foi em Olivença. Que se vai reconstruindo. Silenciada...até quando?
Estremoz, 08 de novembro de 2015
Carlos Eduardo da Cruz Luna
Sem comentários:
Enviar um comentário