MIL: Movimento Internacional Lusófono | Nova Águia
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"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"
Nenhuma direita se salvará se não for de esquerda no social e no económico; o mesmo para a esquerda, se não for de direita no histórico e no metafísico (in Caderno Três, inédito)
A direita me considera como da esquerda; esta como sendo eu inclinado à direita; o centro me tem por inexistente. Devo estar certo (in Cortina 1, inédito)
Agostinho da Silva
8 comentários:
Bom, eu sou um brasileiro que crê na Lusofonia como algo viável e não como algo banal. Mas há coisas polêmicas e desagradáveis acontecendo na Lusofonia/CPLP. O Acordo Ortográfico de 1990 é uma delas, um erro cometido por políticos brasileiros, mas não pelo povo, e está causando transtornos, constrangimentos. Apesar de eu achar que a CPLP deva ser também bloco/aliança comercial, não concordo que um país queira se sobrepor aos outros, que queira exercer a hegemonia sobre os demais. A CPLP não é um império e nem deve existir imperialismo dentro da comunidade. Se um ou dois ou mais países estão manipulando a CPLP para atender os seus interesses geopolíticos particulares, desconsiderando as opiniões dos demais, ou as regras devem ser mudadas imediatamente ou é melhor a comunidade se desfazer. Dentro da CPLP não pode haver choques de interesses, nem disputas entre os países membros. Então, a CPLP devia ter exigido muito mais do Teodoro Obiang para permitir a entrada da Guiné Equatorial, uma verdadeira democratização daquele país. Tudo bem. Eu não sei aonde que Portugal foi humilhado. O que acontece é que o governo português, assim com fazem o governo brasileiro e da maioria dos países, preferiu ceder à pressão de interesses econômicos em vez de fazer a vontade do seu povo. Atitude que acontece com frequência na maioria dos países.
Sabem o que é que eu considero realmente humilhante para o cidadão português comum? E não só os de Portugal, mas de todos os países membros do Acordo. O Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento.
Se for mesmo verdade que as empresas investidoras, sejam nacionais ou estrangeiras, vão poder processar os governos e legislar, para mim, é humilhação aos povos da Europa e dos EUA. O Estado ter menos autoridade que o capital privado.
Mas acho que maior humilhação, sem aspas, inferiu Portugal, o seu ministro de Negócios Estrangeiros, à própria CPLP, quando admitida de vez como observadora a FUNDAÇÃO Academia Galega da Língua Portuguesa, acabada a reunião, Portugal obrigou aos outros integrantes da CPLP a des-admiti-la.
Esse facto já foi denunciado por grupos e pessoas, decentes, de Portugal, mas aí continua a cousa: a F-AGLP parece não poder ter cabimento entre os observadores na CPLP.
Estranho é que se negue a uma entidade galega, legalizada no Reino da Espanha, o que não se negou a outras entidades, legais nos respetivos estados.
Humilhou Portugal a CPLP?
A meu ver, sem dúvida, embora afinal com consentimento, não explicado, dos seus membros.
Mas sobretudo humilhou cidadãos livres, europeus, que legalmente no Reino da Espanha se declaram lusófonos e defendem a Lusofonia com tantos ou mais méritos, dada a sua situação precária, do que os atuais governantes da República portuguesa, esses que impediram a F-AGLP fazer parte dos observadores da CPLP.
António Gil Hernández
Desconhecia o episódio com a F-AGLP. Não sei qual era o governo. Inacreditável.
Se fomos humilhados pela CPLP no processo final de integração da Guiné-Equatorial? Penso que fomos, não por ter admitido este país, fosse eu governante e votaria pela sua adesão, pensando, especialmente, na abertura de uma janela para o exterior de interesse de seu povo. Como português, no tempo do Estado Novo, recebi sempre com satisfação a adesão do nosso país a todo o tipo de associação com outros países onde imperava a democracia. Essas movimentações políticas externas, a que a ditadura não conseguiu subtrair-se, foram úteis a Portugal e contribuíram muito para enfraquecer o regime.
A política externa do actual governo português é de subserviência aos grandes interesses financeiros especulativos internacionais; no que concerne à que mantém com os países da CPLP vai mais longe: privilegia relações com governantes e generais e coronéis corruptos, donos de dinheiro manchado de sangue. Faltou-lhe por isso firmeza moral. Não admira o vexame, com cenas transmitidas pelas televisões, tudo decidido nas costas dos nossos governantes.
É bom não esquecer que o actual governo apostou tudo na vinda da troika para Portugal quando a UE se opunha a essa solução, recusando o controverso PEC IV, ao qual a UE ficava "agarrada". Certamente não impediria muitos sacrifícios, mas não nos condenaria à destruição dos laços sociais e ao estatuto humilhante de Protetorado que vivemos hoje e continuaremos a viver.
Portugal perde independência com este governo e Presidente da República. Mais: com eles a construção do próximo ciclo histórico não só foi interrompido, mas adiado para não se sabe quando.
Renato,
pela minha parte garanto-te que não houve qualquer «tranferência de recalcamento» para a CPLP. Uma das (várias) vantagens em se ser monárquico (como eu)é que se consegue ter algum distanciamento relativamente aos fracassos da «república portuguesa»; sob um outro regime as loucuras «só-cretinistas» - elas sim causadoras da «humilhação», e não as imposições da «Troika» - muito dificilmente teriam acontecido.
E referes muito bem a União Europeia como um (neste caso bom) exemplo: a eventual hipótese de admissão na UE de um país com um governo semelhante ao da Guiné Equatorial nem demoraria quatro segundos a ser recusada. Por exemplo, a Bielorrúsia...
Não contesto que Portugal tem vindo a ser «humilhado» pela presença da «troyka» e o seu estatuto de «protectorado». Mas tem de admitir-se que, no caso da Guiné Equatorial, pesaram mais os argumentos de ordem económico e financeira, do que os de ordem cultural e dos «direitos humanos». De resto, ao que parece, os representantes portugueses foram confrontados com um «fait acompli» e não havia margem para discordar.Mas nem sempre a maioria tem razão e que significa ter um «direito de veto» ? Para já, nada há a fazer, senão uma pedagogia em prol da democracia e do respeito pelos «direitos humanos» por parte da Guiné Equatorial.
Concordo plenamente. A política é isto mesmo. Todos os membros queriam que assim fosse, Portugal estava isolado, não tem sequer o direito de contrariar todos os outros parceiros.
Fica bem ao povo português alguma humildade. O Império já lá vai. Na CPLP Portugal é um membro como qualquer outro. Os direitos humanos serão melhor conseguidos dentro da comunidade do que fora e também é importante que a comunidade se abra a povos próximos, isso só beneficia a todos.
Artur Manso
Já dizia Shakespeare
«So Much Ado About Nothing»
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