No
rescaldo da VIII Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da CPLP: Comunidade
de Países de Língua Portuguesa, realizada a 23 de Julho de 2010, em Luanda, o
MIL: Movimento Internacional Lusófono emitiu uma Declaração em que “saudava a
decisão, tomada por consenso, de não aceitar, de imediato, a adesão da Guiné-Equatorial,
dado o seu défice em dois requisitos fundamentais: ser um País Lusófono e um
Estado de Direito”. Na véspera da IX Cimeira, que se realizou no dia 20 de
Julho de 2012, em Maputo, o MIL reafirmou esta sua posição de princípio.
Passados
dois anos, os ministros dos Negócios
Estrangeiros da CPLP aconselharam por unanimidade a entrada da Guiné-Equatorial
na organização, sob a forma de uma recomendação à cimeira dos Chefes de Estado
e de Governo que se realizará em Díli, em Julho deste ano – alegando, para tal,
o progresso feito nesses dois requisitos fundamentais: no ensino da língua e na
melhoria relativa na defesa dos direitos humanos, destacando o estabelecimento
de uma moratória sobre a pena de morte.
Tendo consciência que esse denunciado défice está
ainda por suprir, o MIL faz votos para que o anunciado ingresso da
Guiné-Equatorial na CPLP acelere o seu progresso enquanto País Lusófono e Estado de Direito. Como sempre defendemos, o espaço
lusófono deve ser um espaço de referência no plano do respeito dos direitos
humanos, o que, infelizmente, como todos sabemos, ainda está muito longe de
acontecer – e não só na Guiné-Equatorial. A própria difusão da língua
portuguesa é, de resto, como não ignoramos, ainda bastante deficitária – e
aqui, uma vez mais, não nos referimos apenas ao caso da Guiné-Equatorial.
Seja
como for, no plano geopolítico, a Guiné-Equatorial só tinha duas opções –
integrar-se no espaço francófono ou lusófono. A esse respeito, não podemos
deixar de qualificar como hipócrita a posição daqueles que, indignando-se com o
ingresso da Guiné-Equatorial na CPLP, não estendem a sua indignação à outra
hipótese que estava em aberto. Registamos que, em Portugal, persistem alguns
nostálgicos das “invasões francesas”, sempre prontos a ver na França e na
francofonia uma dimensão libertadora. Por isso, também, nada disseram a
respeito das mais recentes intervenções francesas em África. Obviamente, tudo
seria diferente se Portugal tivesse feito algo de similar.
MIL:
Movimento Internacional Lusófono
32 comentários:
só um país sem espinha dorsal como é hoje Portugal poderia apoiar a entrada da Guiné Eq na CPLP
Julgo que esse tipo de "argumentos" devem ser usados com maior razoabilidade: bem ou mal, no seio da CPLP, Portugal foi quem mais travou o ingresso da Guiné-Equatorial...
Acho que com uma declaração do MIL nestes termos faremos figura de ministro de Negócios Estrangeiros (versão Paulo Portas - ou Mário Soares, no seu tempo)de uma sociedade civil alheada do assunto em causa e dos direitos humanos em particular. Faremos a figura do Oliveira de Pereira do Tintin, que efectivamente é tradicional na nossa imagem internacional.
Aquilo que o MIL vier a dizer a respeito de valores fundamentais (como a liberdade e a democracia) perderá credibilidade. Não há truque de retórica que esconda o facto da ditadura sanguinária não ter nada a ver com Portugal ao não ser no interesse do "dono" daquilo. Mesmo os mais distraídos sabem disso. Se não é assim, que o MIL explique que assim não é. Quanto à competição com o espaço francófono é um argumento imperialista sem causa. Os activistas dos DH em Portugal e em todos os países lusófonos ficarão ainda mais marginalizados com a decisão de integração da Guiné-Equatorial e com a declaração do MIL, nestes termos.
Há aqui 2 questões fundamentais, António Pedro:
1 - a CPLP só deve aceitar regimes exemplares na defesa dos direitos humanos? Se sim, como bem sabes, a CPLP teria que expulsar vários membros...
2 - A Guiné Equatorial irá melhorar ou piorar por estar na CPLP? Julgo que é razoável dizer que irá melhorar mais do que se ficar de fora...
Como em muitas coisas na vida, aqui a escolha não é entre o bom e o mau
Estou de acordo com a declaração, que, apesar de denunciar, como se exige, a situação política na RGE, põe em evidência os interesses geopolíticos fundamentais lusófonos, que devem ser preservados num país que, antes de pertencer aos espanhóis, esteve sob a soberania portuguesa.
José A.S. Carvalho
Subscrevo na generalidade a declaração do MIL e no progresso que se avizinha será relevante a integração da Guiné-Equatorial na CPLP.
A 17 de Julho de 1996 foi formalmente criada a CPLP. Nos seus estatutos, os países fundadores comprometeram-se a seguir oito princípios. O quinto diz sto: “Primado da paz, da democracia, do estado de direito, dos direitos humanos e da justiça social”.
Esta semana nasceu uma "nova" CPLP, que integra a Guiné Equatorial. Depois de anos de negociações, Portugal ficou totalmente isolado e, para evitar uma ruptura, acabou por aceitar que um país que aceita a pena de morte entre no clube. Poderá dizer-se que é um incentivo a que mais um país no mundo abandone a prática. Mas a filosofia do novo “parceiro” ficou esclarecida sem ambiguidade. Três dias antes de entrar, a G.E. aprovou um “dispositivo legal” que suspende a pena de morte… até quando? E as prisões arbitrárias e tortura? E Tribunais independentes? Para quando eleições livres e democráticas?
Pelo que antecede, creio que o MIL pode e deve no seu comunicado exigir que Portugal seja inflexível e, até à próxima cimeira da CPLP, deve exigir que a pena de morte seja efetivamente abolida (e não apenas suspensa) e garantidos e respeitados todos os demais Direitos Humanos e eleições livres e democráticas, fiscalizadas internacionalmente.
O facto de outros membros da CPLP não cumprirem tais princípios, não autoriza que, à partida, seja admitido como membro um país que os viola flagrantemente. A CPLP deve sim é empenhar-se no seu permanente respeito em todos os 8 países que a compõem e se o MIL não defender isto eu estou a mais no MIL.
Mais, caso contrário. o Prof. Agostinho da Silva e o Embaixador José Aparecido de Oliveira, respetivamente "avô" e "pai" da CPLP, começarão a "dar voltas" de revolta nos respetivos túmulos...
Caro Jorge. De novo as 2 questões fundamentais...
1 - a CPLP só deve aceitar regimes exemplares na defesa dos direitos humanos? Se sim, a CPLP teria que expulsar vários membros...
2 - A Guiné Equatorial irá melhorar ou piorar por estar na CPLP? Julgo que é razoável dizer que irá melhorar mais do que se ficar de fora...
Como em muitas coisas na vida, aqui a escolha não é entre o bom e o mau.
Quanto ao mais, é razoável exigir que Portugal vete infinitamente uma proposta apoiada, de forma expressa, por todos os outros membros? Isso poria Portugal num patamar de superioridade relativamente aos demais países de CPLP. Isso isso, faria rebolar no caixão muita gente...
Caro Renato:
Pela sua resposta, parece que efetivamente eu estou a mais no MIL.
1. Quanto aos mais elementares princípios democráticos, Portugal pode e deve ser intransigente e dar o exemplo, pois "fechar os olhos" a ditaduras sanguinárias, como é o caso, é uma vergonha!
2. Mais, países como a Guiné-Bissau e Angola, pela constante violação dos mais elementares Direitos Humanos, há muito que podiam e deviam ter sido advertidos. O dinheiro das "elites" desses países (os seus povos continuam na miséria) proveniente da exploração do petróleo, diamantes e narcotráfico, com que os seus "governantes" compram consciências em Portugal Brasil, Timor, etc, não poder servir de "capa" para não as vermos e denunciarmos as atrocidades praticadas.
3. reitero que se o Prof. Agostinho da Silva e Aparecido de Oliveira fossem vivos nada diz aconteceria.
4. Se o MIL não tem coragem para exigir o respeito dos Direitos Humanos, lamento mas então eu estou então a mais.
Jorge da Paz Rodrigues
Caro Jorge
Não está a mais no MIL - pelo contrário, respeitamos muito as suas posições.
Simplesmente, acho que não respondeu às objecções que lhe pus:
1 - a CPLP só deve aceitar regimes exemplares na defesa dos direitos humanos? Se sim, a CPLP teria que expulsar vários membros...
2 - A Guiné Equatorial irá melhorar ou piorar por estar na CPLP? Julgo que é razoável dizer que irá melhorar mais do que se ficar de fora...
3- é razoável exigir que Portugal vete infinitamente uma proposta apoiada, de forma expressa, por todos os outros membros? Isso poria Portugal num patamar de superioridade relativamente aos demais países de CPLP. Isso isso, faria rebolar no caixão muita gente...
Subscrevo a Declaração do MIL. É importante que ingressando a Guiné-Equatorial na CPLP seja pressionada diplomaticamente para que progrida mais como "País Lusófono e Estado de Direito", de forma a que a Comunidade Lusófona se transforme cada vez mais num espaço de tolerância internacional e de partilha de vivências humanitárias.
Nuno Sotto Mayor Ferrão
Excluir qualquer país ou regiões lusofonas na CPLP, é enfraquecer a Lusofonia, é negar a construção de um mundo de fraternidade. O mesmo que Vieira, Agostinho da Silva e outros imortais gloriosos por este mundo se bateram.
A exclusão não se admite no sec. XXI. É tempo de acabar com "pesos e medidas", de quem foi menos MAU na história dos povos ocupados.
Luisa Timóteo - Malaca
O Estado de direito só será alcançado com a evolução do povo da Guiné que futuramente deverá escolher dirigentes mais esclarecidos e qualificados para governá-los.
A exclusão, com todo o respeito aos pensamentos contrários, não se apresenta como a melhor das soluções.
Vim ver se já tinham tomado uma posição sobre a integração da Guiné Equatorial na CPLP e encontrei uma declaração muito bem estruturada, conhecedora da realidade geopolítica na região.
Leio na comunicação social muitos artigos de opinião, que começam normalmente com o isolamento internacional da Guiné Equatorial, mas a realidade é outra, exceto obviamente Portugal. Por curiosidade o presidente ditador acabou de passar uma semana no Brasil, para tratar de contactos comerciais e desenvolvimento da língua portuguesa. Até agora o ensino da língua portuguesa na Guiné Equatorial tem pertencido apenas ao Brasil.
Portugal travou a entrada da Guiné Equatorial na CPLP, por motivos que todos conhecemos. Mas nada é para sempre e decisões podem ser reavaliadas. Concordo com o Renato Epifânio quando diz: “ a CPLP só deve aceitar regimes exemplares na defesa dos direitos humanos? Se sim, a CPLP teria que expulsar vários membros...
2 - A Guiné Equatorial irá melhorar ou piorar por estar na CPLP? Julgo que é razoável dizer que irá melhorar mais do que se ficar de fora...
Como defensora dos Direitos Humanos e da lusofonia, acredito que haverá uma esperança nesse sentido. Quem sabe ocorra uma evolução no âmbito do respeito aos direitos humanos . A exclusão não acresce em nada a Guiné, nem ao mundo lusófono. Cabe a nós estarmos atentos e praticarmos a lusofonia de verdade. Queremos solidariedade, fraternidade, união e entendimento entre os países lusófonos, não se trata de fechar os olhos para as ditaduras que persistem por aí, mas de acreditar que um mundo melhor é possível. Só o fato de anunciarem
a adoção de uma moratória de pena de morte com efeitos imediatos, já os deixa mais próximos dos princípios norteadores da comunidade lusófona. Os Direitos Humanos e o Estado de Direito devem continuar sendo cobrados por todos, esperemos que haja uma evolução significativa nesse sentido.
Mariene Hildebrando-Brasil
Meu caro renato:
Com todo o respeito por opiniões contrárias, continuo a discordar da "moleza" (para não ser acintoso) da posição do MIL. E como não sou hipócrita, reitero que:
1. Os países fundadores da CPLP em 1996 comprometeram-se a seguir 8 princípios. O 5º estabelece: “Primado da paz, da democracia, do estado de direito, dos direitos humanos e da justiça social”. Aceita o MIL que logo à entrada um país desrespeite e os restantes "fechem" hipocritamente os olhos por a G.E., entretanto se dispôr a "investir" noutros países da CPLP?
2. Todos lemos uma carta aberta de um emigrante da G.E. ao PM português, onde o supracitado e muito mais é denunciado, como, por exº: prisões arbitrárias, torturas, etc. Ainda em Dezembro foram mortas 9 pessoas. Ignoramos?
3. A Guiné Equatorial, depois de anos de negociações, onde Portugal foi intransigente, continua a violar os mais elementares Direitos Humanos e a filosofia do novo “parceiro” ficou esclarecida sem ambiguidades, pois, 3 dias antes de entrar, a G.E. aprovou um “dispositivo legal” que suspende a pena de morte… até quando? Quando é abolida definitivamente a pena de morte? E as prisões arbitrárias e tortura? E Tribunais independentes? Para quando eleições livres e democráticas?
4. O facto de outros membros da CPLP não cumprirem tais princípios, não autoriza que, à partida, seja admitido como membro um país que os viola flagrantemente. A CPLP deve sim é empenhar-se no seu permanente respeito em todos os 8 países que a compõem e se o MIL não defender isto eu reafirmo que estou a mais no MIL, pois hipócrita não sou, nem "cedo" a eventuais vantagens monetárias que Obiango se disponha a "conceder" daquilo que tem roubado ao seu pobre povo.
Portanto, ou o MIL altera o seu comunicado para uma posição digna, como acima defendo, ou eu estou efetivamente a mais no MIL.
Um abraço, JPR.
Caro Jorge
Pus-lhe 3 objecções - recordo-as:
1 - a CPLP só deve aceitar regimes exemplares na defesa dos direitos humanos? Se sim, a CPLP teria que expulsar vários membros...
2 - A Guiné Equatorial irá melhorar ou piorar por estar na CPLP? Julgo que é razoável dizer que irá melhorar mais do que se ficar de fora...
3- é razoável exigir que Portugal vete infinitamente uma proposta apoiada, de forma expressa, por todos os outros membros?
O Jorge só, parcialmente, responde à primeira delas...
Quanto ao mais, julgo que devemos respeitar, democraticamente, as várias posições. Todas são igualmente dignas.
Abraço MIL
Caro Renato e caríssimos amigos:
Deixemo-nos de hipocrisias e sejamos claros:
1. Há muito que a CPLP e mormente Portugal deviam ter avisado vários países de que estão a violar constantemente os mais elementares Direitos Humanos, como é o caso de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau, mas Portugal apenas teve coragem de visar a G.B.. Tal não impede, antes aconselha, que a Guiné-Equatorial não tem que suspender a pena de morte, mas sim ABOLI-LA! Tal como tem de respeitar as demais liberdades fundamentais e pôr fim às prisões arbitrárias, às tortura e assassínios de oposicionistas.
2. Isto mesmo e pior acaba de ser denunciado publicamente pela Comissão americana no seu Relatório anual sobre a violação dos Direitos Humanos no Mundo. Não leram? Então leiam s.f.f.
3. Mais, esta questão porventura terá a ver com outras notícias recentes que anunciam que o sanguinário ditador Obiango vai investir no Brasil e em Portugal, mormente no BCP e no BANIF?
Fui claro? Espero que sim! O resto são desculpas de "mau pagador" e se quiserem pactuar ou "fechar os olhos" a ditadores/ditaduras, não contém comigo!
Cordialmente,
Jorge da Paz Rodrigues
Caro Jorge
Continuo à espera de uma resposta clara às 3 objecções que lhe pus - recordo-as:
1 - a CPLP só deve aceitar regimes exemplares na defesa dos direitos humanos? Se sim, a CPLP teria que expulsar vários membros...
2 - A Guiné Equatorial irá melhorar ou piorar por estar na CPLP? Julgo que é razoável dizer que irá melhorar mais do que se ficar de fora...
3- É razoável exigir que Portugal vete infinitamente uma proposta apoiada, de forma expressa, por todos os outros membros?
Quanto ao mais, o que vai propor a seguir: a saída de Portugal da CPLP?!...
Abraço MIL
Renato:
As minhas respostas, explícitas ou implícitas, às suas 3 perguntas, estão nas minhas respostas anteriores e nas sugestões que fiz. Será que o meu português é difícil de entender?
Peço desculpa, mas tenho de lembrar um velho ditado popular, que diz: "o pior cego é o que não quer ver", mas como vc não é cego, respondo-lhe, como o meu avô (assanhado republicano e avesso a ditaduras, coisas que eu herdei) faria:
- SIM, quanto aos pontos 1. e 3., pelo menos quanto aos chamados direitos e liberdades fundamentais (sabem quais são ou tenho de explicar tim tim por tim?), isto se Portugal e o MIL quiserem ser coerentes com a Constituição da República Portuguesa e as Declarações de Princípios da CPLP e do MIL.
- Quanto ao ponto 2. é mais do que evidente que a nojenta ditadura da G.E. vai continuar na mesma ou quiçá pior, pois passará a ter "cobertura" de 8 países.
E aqui ponho um ponto final parágrafo.
Um abraço MIL, porventura o último,
Jorge da Paz Rodrigues
Muito bem, Jorge
Ponto final parágrafo
Jorge da Paz
Acaso em Angola no ato do acordo da CPLP, os direitos humanos eram mais respeitados que atualmente na Guiné Equatorial.
Pelo menos formalmente na GE há eleições diretas para presidente da república. Ninguém provou a fraude das várias eleiçções. Vários observadores internacionais se deslocaram e nunca disseram nada de evidente, pelo menos nas últimas.
Pelo contrário, em Angola até hoje nunca houve eleições diretas para presidente, e naquele tempo nem diretas nem indiretas.
Isto para falar de Angola, poderíamos falar da Guiné-Bissau, etc.
Daí se depreende pelo ato fundacional que isso eram princípios a atingir. O próprio ato fundacional em si, mostra o dever de uma certa tolerância se isso contribuísse mais para atingir os fins do que o contrário.
Usar de dois pesos e duas medidas mostra claramente que os direitos humanos são instrumento de uma agenda escondida que não quer ver a CPLP com toda a sua pujança e força histórica.
Aliás utilizando a lógica dos puritanos, poderíamos concluir que só Portugal deveria pertencer à CPLP.
Como poderão pertencer à CPLP, todos os outros países que têm apoiado durante anos a entrada da GE. São com certeza países sem princípios...
Não será presunção pensar que todos os outros países são uns vendidos e que Portugal até hoje foi o único que não se vendeu.
Não será antes o contrário, que Portugal foi o único que se vendeu às movimentações secretas de Espanha e da Europa?
Caro Paulo Pereira:
A CPLP foi formalmente criada em 1996 e teve respetivamente como "avô" e "pai" o Prof. Agostinho da Silva e o Embaixador José Aparecido de Oliveira, como deve saber e cujos pensamentos não deve ignorar, pelo que para os mesmos o remeto.
Porém, como não deve ter lido as minhas primeiras posições, peço desculpa aos demais, mas vou transcrever a terceira, por sintetizar bem tudo quanto tenho escrito até aqui:
"Com todo o respeito por opiniões contrárias, continuo a discordar da "moleza" (para não ser acintoso) da posição do MIL. E como não sou hipócrita, reitero que:
1. Os países fundadores da CPLP em 1996 comprometeram-se a seguir 8 princípios. O 5º estabelece: “Primado da paz, da democracia, do estado de direito, dos direitos humanos e da justiça social”. Aceita o MIL que logo à entrada um país desrespeite e os restantes "fechem" hipocritamente os olhos por a G.E., entretanto se dispôr a "investir" noutros países da CPLP?
2. Todos lemos uma carta aberta de um emigrante da G.E. ao PM português, onde o supracitado e muito mais é denunciado, como, por exº: prisões arbitrárias, torturas, etc. Ainda em Dezembro foram mortas 9 pessoas. Ignoramos?
3. A Guiné Equatorial, depois de anos de negociações, onde Portugal foi intransigente, continua a violar os mais elementares Direitos Humanos e a filosofia do novo “parceiro” ficou esclarecida sem ambiguidades, pois, 3 dias antes de entrar, a G.E. aprovou um “dispositivo legal” que suspende a pena de morte… até quando? Quando é abolida definitivamente a pena de morte? E as prisões arbitrárias e tortura? E Tribunais independentes? Para quando eleições livres e democráticas?
4. O facto de outros membros da CPLP não cumprirem tais princípios, não autoriza que, à partida, seja admitido como membro um país que os viola flagrantemente. A CPLP deve sim é empenhar-se no seu permanente respeito em todos os 8 países que a compõem e se o MIL não defender isto eu reafirmo que estou a mais no MIL, pois hipócrita não sou, nem "cedo" a eventuais vantagens monetárias que Obiango se disponha a "conceder" daquilo que tem roubado ao seu pobre povo.
Portanto, ou o MIL altera o seu comunicado para uma posição digna, como acima defendo, ou eu estou efetivamente a mais no MIL."
E aqui ponho um definitivo ponto final, com os meus melhores cumprimentos Lusófonos,
Jorge da Paz Rodrigues
Congratulo-me com a posição do MIL. Posição já defendida por mim à dois anos quando disse que seria melhor deixar entrar a Guiné Equatorial. Penso que vai ser bom para o povo da guiné, pois vai abrir o país e fazendo com que novos horizontes se abram. As discussões sobre a entrada e dos direitos humanos não passam de corversa da treta. Há relativamente pouco tempo vi um programa na TVE (espanhóis no mundo) sobre a Guiné Equatorial e não vi nada de anormal. A cooperação espanhola desenrola-se com toda a normalidade assim como os negócios com a Espanha, França etc. Os restantes países da CPLP apoiam porque são países objetivos e pragmáticos ao contrário de Portugal que só se preocupa com xaxada. O facto de a língua portuguesa ainda não ser de uso corrente não faz mal, mas irá sê-lo. Isso não deve ser motivo de recusa, porque no fundo ao estarmos a recusar um país só por ainda não falar português é o mesmo que estarmos a dizer "olha vocês não aprendam o português".
Aproveito para aqui deixar um desejo, gostaria que países como Indonesia e Uruguai, também fizessem parte.
Abraços, Raul Roseiro
"A esse respeito, não podemos deixar de qualificar como hipócrita a posição daqueles que, indignando-se com o ingresso da Guiné-Equatorial na CPLP, não estendem a sua indignação à outra hipótese que estava em aberto. "
Embora a minha posição pessoal não seja minimamente relevante - sobretudo porque NUNCA QUIS NEM QUERO filiar-me em espaços de decisões políticas -, declaro que sou totalmente contra a inclusão da Guiné Equatorial ou de qualquer País não pertencente ao espaço da Lusofonia na CPLP, por motivos bem fundamentados, e REPUDIO VEEMENTEMENTE que essa posição fundamentada seja unilateral e afrontosamente considerada "hipócrita".
O MIL deverá rever a sua forma nada democrática e extreemamente arrogante de encarar, e ousar qualificar tão sobranceiramente, posições diferentes da sua - ou julgar-se-á o MIL dono absoluto de todas as verdades ?
Cumprimentos
Maria-do-Céu Mascarenhas
Parece que a Guiné Equatorial está, ainda, muito longe de reunir os requisitos para ser integrada na CPLP.Mas pode ser, como diz Renato Epifânio, que um «sim» acelere o processo de complementação desses requisitos. Em todo o caso não se deve transigir com falhas algumas. Ser um Estado de Direito e respeitar os direitos humanos, além de ser uma democracia, parece fundamental.
VIRGÍLIO CARVALHO.
A expansão da Lusofonia e dos seus valores civilizacionais - nomeadamente, o fim da pena de morte - deve ser um objectivo estratégico básico de Portugal. Não há países perfeitos!
De certeza absoluta que a defesa dos Direitos Humanos, da população da Guiné Equatorial, terá muito mais hipóteses dentro da CPLP do que no isolamento actual.
Essa de solicitar uma moratória quanto à pena de morte não cabe na cabeça de ninguém. Aí, Portugal deve ser intransigente. Ou abole quanto antes essa pena capital, ou não vale a pena pensar em mais nada. Isso e provar que é um Estado que respeita os direitos humanos e um Estado de Direito, bem como uma democracia, parece-me fundamental.
VIRGÍLIO CARVALHO (Dr.).
Uma coisa me parece certa. Os outros países puseram Portugal entre a espada e a parede...
Independentemente da realidade na Guiné Equatorial, me parece certo, também, uma orquestração artificial contra este país por puro interesse.
As pessoas dizem que não há democracia, que há ditadura, que não se respeitam os direitos humanos, através de adjetivação e frases contundentes, supondo algo óbvio e indiscutível que amedronta qualquer espírito até de duvidar. Esse tipo de comunicação é quase sempre fruto de uma campanha orquestrada, disso estou quase 100% certo.
Agora que na Guiné Equatorial há violações aos direitos humanos, também estou certo. Mas do que ouvi, não é nada que não se faça por exemplo nos USA.
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