Cristina
Couto
“Homem sou belo, macho sou forte,
poeta sou altíssimo”, assim, se auto definia
o grande poeta Vinicius de Moraes. Belo de alma, de sentimento a flor da
pele, amava a noite, a música, as musas e a lua.
O nosso velho e amigo camarada
embalou o sonho de muitas gerações, fez famosa a sua Garota de Ipanema, definiu
a fidelidade como poucos, ensinou como viver um grande amor e agraciou seus
amigos com o Samba da Bênção.
Acho mesmo que o nosso poetinha, como
todo ser noturno amava as tardes, em especial as de descanso na velha e pacata
Itapuã, onde desfrutava do sol, do mar e do ar.
No seu rico mundo imaginário e
infantil construiu uma casa muito engraçada que não tinha nada, nem mesmo endereço,
porque ela não existia. Na realidade ela só existiu nas suas memórias de
criança, de um passado distante que deixou florescer já na sua fase adulta.
Talvez um retorno ao passado como se quisesse nascer de novo ou viver tudo
outra vez.
Tinha o amor como vício, como ofício,
como profissão. Amava incondicionalmente e impessoalmente, e expressou todos
nos versos de suas canções. Amou tanto que cantou o amor total, o grande amor,
o amor que partiu, o amor em lágrimas, criou as regras para se viver um grande
amor, e encontrou o amor em paz.
Vinicius foi além do tempo, além do
amor, amou tanto que mandou todo mundo “A Tonga da Mironga do kabuletê” para viver sua boemia
e viver em liberdade como gostava e somente ele sabia fazer.
Quando se cansou da vida
regrada da ditadura militar, acompanhou seu compadre e parceiro Chico Buarque
na música Cotidiano Nº 2 – Como dizia Chico. Uma letra de uma vida simples e
repetitiva, o que o salvava era a cachaça, a poesia e o futebol.
Vinicius não se importava em
aprender sobre amor ou sobre o que é amar, sua sabedoria estava no por vir, no
dia depois do outro, no dia da sua chegada. Ele sabia que amor e desejo eram
irmãos, por vezes gêmeos, mas nunca univitelinos. Por essas razões amava
atentamente, com muito zelo, atenção e intensidade, durando o tempo necessário
até a chegada de um novo amor.
1 comentário:
"Uma tarde em Itapuã"! Simplesmente Extraordinário!
Há muitas outras dele, claro!...
Mas esta ouvi repetidamente e em várias gravações há uns dias, pois já tinha saudades daquele sol e daquele mar que também é sempre para o futuro!
Repito, extraordinário!!
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