Já imaginaram o que teria acontecido na Grécia caso o Estado tivesse hostilizado e prejudicado as polícias gregas? Alguém vislumbra agentes da lei voluntariosamente a deter e a barrar os manifestantes, a serem agredidos fisicamente para proteger os governantes de um Estado que os elegeu também como alvo?
Em alturas de crise, como esta que ainda agora está a começar, o Estado depende, mais que nunca, do seu aparelho repressivo para assegurar o mínimo de contestação nas ruas, nos últimos anos, por exemplo, tem-se vindo a assistir a uma presença policial cada vez maior nas ruas, com operações stop dia sim, dia sim senhor, nas rotundas e rectas de todos os grandes centros urbanos (exigir uma quota mínima de multas por agente não foi das ideias mais populares ou brilhantes, mas aparentemente até funcionou: a presença policial nas ruas em algumas zonas quase que quadruplicou).
Se em alturas de crise o Estado depende, mais que nunca, das polícias e dos militares, ao longo da História podemos verificar que estas classes foram sempre favorecidas pelos vários regimes em alturas de maior instabilidade, afinal quando tudo correr mal, quando o povo começar a assaltar carrinhas de padeiros (o que já ocorre na grande Lisboa), quando os manifestantes quiserem invadir a Assembleia, o Estado só se aguenta tendo o aparelho repressivo do seu lado.
Estarão os nossos governantes cientes dos erros estratégicos que estão a cometer? De quão grave é, para os próprios, hostilizar as polícias e os militares logo à partida? Esta crise ainda agora começou, as coisas vão piorar, e muito, partir do princípio de que o povo e as instituições estão tão capadas que não farão um 28 de Maio ou um 25 de Abril é talvez ingenuidade a mais, ou já estamos mortos e enterrados?
O Diabo
04 de Outubro, 2011.
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