Quando a partir de 1995 o crescimento regressou (...) não foi tão acentuado. Tendo a política monetária e cambial restritiva persistido (como tem persistido até hoje), as exportações passaram a ter um papel cada vez menos na estrutura e, logo, no crescimento da economia. O bom ritmo de crescimento deveu-se predominantemente a uma política orçamental expansionista, que foi possível seguir sem consequências muito graves graças à queda consistente das taxas de juro e à redução da dívida. Mesmo assim, vem desses anos o início do endividamento externo que agora tanto nos assusta (e aos nossos credores...). Ao contrário do que transparece de muito do debate político corrente, o endividamento não começou com a adesão à União Económica e Monetária (UEM), vulgo, euro), mas logo em 1995."
Economia Portuguesa, As Últimas Décadas
Luciano Amaral
Daqui resulta o reconhecimento do grande problema de que padece a economia portuguesa contemporânea: o Euro. Os nossos problemas estruturais - que resultavam de uma baixa intensidade de Capital e de uma baixa produtividade, sofreram um agravamento brutal quando a falta de visão dos líderes da década de 90 nos levou a abandonar o "crawling peg" (desvalorização deslizante) e a adotar uma política monetária restritiva, com a entrada na UEM. Mais tarde, em 2000, o Euro daria o golpe decisivo, quase fatal, na nossa saúde económica, datando dessa data uma efetiva estagnação económica e uma divergência em relação aos patamares de eiqueza europeus, recuando 6% precisamente a partir de 2000. Coincidentemente...
Se o Euro é o nosso maior problema, importa assim resolvê-lo antes de encarar qualquer outro. Se o Euro é demasiado forte para a nossa economia, importa enfraquecê-lo ou abandoná-lo. Mas os europeus do norte nunca aceitarão tornar a sua moeda forte em fraca, nunca aceitarão que o Euro se torne numa moeda que permita às economias dos países periféricos serem competitivas, sacrificando as exportações de produtos de luxo do norte da europa. Resta-nos assim a segunda via: a da saída do euro e do regresso a uma soberania monetária que nos devolva a independência suficiente para exercer uma política cambial que ajuste a competitividade dos nossos bens transaccionáveis e dissuada importações que não podemos - findo o período do crédito barato - mais pagar.
Chegou o tempo de para de fugir para a frente e de encararmos de novo a nossa independência. Recuperando-a na política monetária e nesta, numa moeda independente.
1 comentário:
Acho este tipo de raciocínio muito perigoso.
Vamos falar de maneira metafórica.
De que me vale exportar duas laranjas em vez de uma, se com esse dinheiro só posso importar uma maçã e não duas.
Desvalorizar a moeda significa simplesmente vender barato e comprar caro, um mau negócio a longo prazo...
Os escravos não devem dinheiro, é essa a solução?
Os Brasileiros adotaram essa política de desvalorização sem sucesso. Paradoxalmente o suceso só veio com o real valorizado.
Estamos a arrumar argumentos para que nunca haja uma união lusófona.
Estamos dando um tiro no pé...
Se Portugal estivesse ainda mais integrado na união europeia e se houvesse um governos federal europeu como o dos USA, a crise não se daria provavelmente. Simplesmente não queremos isso. Estar a arrumar argumentos econômicos e não de nível mais alto para a união lusófona é um tiro saindo pela colatra.
O problema da UE é que nem é carne nem peixe... Há muitos fatores em jogo. Estas análises simplistas que olham a causas e efeitos primários de curto prazo nunca deram resultado em nenhum país.
O êxito de crescimentoo da china profundo não se deve à desvalorização da sua moeda mas ao fato dos chineses trablharem como escravos.
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