Aqui estou Eusébio, meu ídolo imortal, a dar-te os parabéns por esta dupla efeméride – 50 anos de Benfica e 69 de idade. Tinha 10 anos quando chegaste ao meu Benfica. Fiquei impressionado por no teu primeiro jogo, contra o saudoso Atlético, teres logo marcado três golos. Comecei a admirar-te e, ao contrário dos miúdos meus amigos, que escolhiam um nome dum jogador estrangeiro – do Milan, do Inter, do Real, Madrid – para jogarem com o nome dele, eu passei a escolher o teu. Ao princípio gozavam-me, mas isso foi por pouco tempo, pois tu, logo impuseste o teu esquisito e pouco habitual nome (nunca ouvira falar em Eusébio na vida) no futebol nacional e internacional.
A partir dos meus 13 anos comecei a ir com um tio, ao velho Estádio da Luz, todos os domingos, para te ver jogar e marcar golos incríveis, qual deles o melhor e o mais fantástico. Por essa altura, já o Benfica se sagrara bicampeão da Europa em futebol, e eu assistira a tudo, no televisor lá de casa, a preto e branco. O meu benfiquismo começara aos oito anos, por influência da minha empregada, que era sócia do Glorioso.
A partir daqui, estive em todos os desafios que realizaste no nosso estádio ao domingo à tarde, nos que passavam na televisão à noite e que contavam para as competições europeias e para uma competição de selecções militares quando estiveste na tropa, e todos os que jogaste no Estádio Nacional, no Jamor, com a Selecção Nacional. É desta época, uma das minhas maiores decepções de adolescente e que se conta em duas linhas. Sempre que os treinos da Selecção Nacional calhavam em tempos de férias escolares, lá ia eu com os meus amigos para o Estádio Nacional, ver-te a ti e aos outros jogadores que nos empolgavam e nos tornavam os sonhos mais coloridos. No caminho entre os balneários e o relvado principal, cruzei-me contigo. Vinhas a falar com o Artur Jorge, creio que ainda jogador da Académica de Coimbra e que chegou a ser meu colega na Faculdade de Letras de Lisboa. Eu não acreditava no que acontecia! Um miúdo como eu, ao lado do seu ídolo do futebol! Mas tu passaste Eusébio e, como não me conhecias de lado nenhum, nem para mim olhaste. Não imaginas o desgosto que foi para mim, adolescente a rebentar de sonhos! Mas nem por isso deixei de continuar a seguir a tua carreira, uma vez que, não eras só tu, mas também o Benfica, que me encantava!
Assisti a todos os teus desafios até te reformares. Digo-te, sinceramente, que na minha opinião de “treinador de bancada” foste o melhor jogador do mundo do teu tempo. Além disso, eu acho que um jogador de futebol é um artista, e como a arte é subjectiva, dependendo da opinião de cada sujeito. Assim, se não posso dizer que, Picasso é melhor pintor que Dali, nem que Saramago é melhor escritor que Lobo Antunes, também não posso afirmar que Pelé, Maradona ou outro, é melhor que Eusébio.
Por isso termino dizendo que, Eusébio foi o melhor jogador do seu tempo e que eu tive a sorte de ver jogar, e dando-lhe os meus sinceros parabéns pelas duas efemérides que agora se comemoram – os seus 50 anos de jogador do Benfica e os 69 anos de idade. Obrigado Eusébio, por tudo o que me deste a viver!!
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