Ernâni Lopes era um economista sério, sensato que soube gerir as finanças do país, num tempo de dificuldades, durante o Bloco Central nos anos 80. Este prestigiado economista tinha excelentes referências históricas e éticas e, por esta razão, a pátria perdeu um Homem que estudava, pensava e empreendia a favor do progresso e da liberdade de Porugal. Ainda teve tempo de ir ao programa de Mário Crespo "Plano Inclinado" debater com o Professor Henrique Medina Carrreira os constrangimentos que o país sente para enfrentar os ingentes desafios do presente e do futuro, dando a sua opinião sobre as múltiplas crises em que o país e a Europa estão enredados. A lucidez e escorreita clarividência da sua argumentação impressionavam quem o ouvia e vai fazer falta à pátria um Homem com a sua coragem e a sua verticalidade Ética.
Revelou ainda essas qualidades na estratégia Atlantista que apontou como caminho económico para deslaçar os "nós górdios" em que o país se vê metido nesta Era da “desacopulagem das finanças e da economia” para usar uma expressão sua. Na verdade, nos últimos tempos vinha defendendo as potencialidades económicas que Portugal poderia aproveitar do mar e da sua ligação com o espaço lusófono, tendo feito parte da Comissão de Honra do Congresso Económico - "Os Mares da Lusofonia", realizado no fim deste Outubro em Cascais, e sido prevista a sua participação como conferencista que iria encerrar o evento. No entanto, pelo seu estado de saúde, talvez já não tenha conseguido estar presente.
Conheceu como poucas pessoas, de elevadas responsabilidades, o espaço lusófono, pois ao longo da sua carreira profissional foi consultor económico de várias empresas e governos, tendo trabalhado em Portugal, mas também em Macau, no Brasil, em Cabo Verde, na Guiné-Bissau, em São Tomé e Príncipe, em Angola e em Moçambique. Com efeito, faleceu um grande Português que lucidamente nos avisava da importância estratégica dos mares para a sedimentação económica do espaço Lusófono.
Nuno Sotto Mayor Ferrão
1 comentário:
Recebi a notícia quando regressava da Galiza. Já era esperada mas nem por isso deixou de pesar...
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