A CEDEAO manifestou-se hoje “indignada” com a nomeação de António Indjai, “único responsável pela sublevação de Abril”, para a chefia das Forças Armadas da Guiné-Bissau e exortou o chefe de Estado guineense a reconsiderar a escolha.
A tomada de posição está expressa no comunicado final, só hoje divulgado, da 38ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que decorreu na sexta-feira na ilha cabo-verdiana do Sal, na presença de 13 delegações dos 15 Estados membros.
“A Conferência ficou muito indignada com a nomeação do General de Divisão António Indjai, ultimamente Vice-Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas e único responsável pelos acontecimentos de 1 de Abril, na qualidade de CEMGFA da Guiné-Bissau”, lê-se no documento.
“A Cimeira considera essa nomeação como caução dos actos de impunidade, nomeadamente de indisciplina, caracterizados no seio da hierarquia das Forças Armadas. Não é de natureza a criar condições favoráveis para mobilizar a comunidade internacional com vista à implementação do indispensável programa de reforma do sector da Segurança”, acrescenta-se no documento.
Nesse sentido, a CEDEAO, “reafirmando a solidariedade” para com Malam Bacai Sanhá, presidente guineense, “convidou-o a considerar a nomeação” de um CEMGFA “não implicado” na sublevação, que levou à detenção de Zamora Induta, até então líder das Forças Armadas, que continua preso sem julgamento.
Os chefes de Estado e de Governo oeste-africanos exortaram também Bacai Sanhá a criar as condições que permitam à CEDEAO retomar os esforços de mobilização de todos os parceiros bilaterais e multilaterais destinados a acompanhar a Guiné-Bissau no arranque “efectivo” daquela reforma.
A CEDEAO solicitou à respectiva Comissão para que, em concertação com os órgãos técnicos competentes, proceder à implementação de um mecanismo de segurança das instituições republicanas.
Por outro lado, “insistiram” na necessidade de alargar o dispositivo de segurança dos testemunhos identificados pela Comissão Nacional de Inquérito sobre os assassinatos de Março de 2009 – do presidente João Bernardo Vieira e do CEMGFA Tagmé Na Waié – “permitindo a finalização das suas actividades”.
Questionados sobre a tomada de posição da CEDEAO, quer Bacai Sanhá quer o chefe da diplomacia guineense, Adelino Mano Queta, recusaram fazer quaisquer comentários.
Pedro Pires, chefe de Estado de Cabo Verde, rodeou, por seu lado, a questão, salientando que “o importante é haver diálogo” para que se resolvam, “de forma consistente”, os problemas na Guiné-Bissau.
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Fonte: Notícias Lusófonas
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