O estudo, que será publicado amanhã pelo Geophysical Journal International, indica que têm sido detectados sismos na região da montanha submarina Cadamosto, a sudoeste do Fogo, e refere que os movimentos mais recentes ocorreram em 1998 e 2004.
A pesquisa não adianta estimativas sobre quando poderão ocorrer os próximos sismos submarinos, mas lembra que poderão ocorrer tsunamis de grande intensidade.
As observações realizadas pelos cientistas permitiram identificar uma série de cones vulcânicos na área submarina entre as ilhas de Fogo e Brava.
Os cientistas afirmam que a distribuição das crateras indica a possibilidade de dois sistemas de canalização de lavas: um em direcção ao canal entre Fogo e Brava, e outro para a montanha submarina Cadamosto.
As estações sísmicas colocadas na região após a erupção de 2004 permitiram localizar sedimentos e lavas no local e foi a partir dessas observações que os cientistas colocaram a possibilidade de se gerar maior intensidade sísmica em torno da montanha Cadamosto, o que poderá levar ao "nascimento" de uma nova ilha.
Segundo a Visão News, o trabalho geológico é bastante complicado nos fundos marinhos e, por essa razão, o estudo do vulcanismo submarino está muito menos desenvolvido do que o de superfície.
A actividade vulcânica submarina pode não ter efeitos desastrosos, como ocorreu no arquipélago cabo-verdiano em 1998 ou 2004, mas é susceptível de originar tsunamis com consequências imprevisíveis.
"Um tsunami pode ser gerado por qualquer distúrbio que desloque uma massa grande de água, tal como um sismo (movimento no interior da terra), um deslocamento da terra, uma explosão vulcânica ou um impacto de meteoro", lê-se.
A Visão News lembra que, se o fenómeno registado em 2004 em Cabo Verde passou despercebido, a 26 de Dezembro do mesmo ano um maremoto provocou o tsunami do Oceano Índico, causando mais de 285 mil vítimas.
Por outro lado, em 2001 os cientistas previram que uma futura erupção do instável vulcão Cumbre Vieja, em Las Palmas (Ilhas Canárias) poderia causar um imenso deslizamento de terra para dentro do mar, que levaria a que a metade oeste da ilha, pesando cerca de 500 mil milhões de toneladas, deslizasse para o oceano.
Esse deslizamento causaria um megatsunami de cem metros, que devastaria a costa noroeste de África, um outro de 30 a 50 metros, que alcançaria horas depois a costa leste da América do Norte, causando também devastação costeira em massa e a provável morte de milhões de pessoas.
O mais recente terramoto do Haiti - que provocou mais de 220 mil mortos e milhares de desalojados - também foi previsto e tanto as autoridades como a população sabiam que a fúria da natureza chegaria um dia, sem saber quando, lê-se no artigo, em que se apela também para a instalação de mecanismos de alerta.
"O alerta serve para se aprimorar a prevenção, com mais investimentos na segurança civil, ligando o país aos centros especializados em fenómenos naturais, modernizando os equipamentos, adquirindo meios eficazes de evacuação e salvamento, e sobretudo garantindo uma ligação regular e permanente das ilhas de Fogo e Brava com o resto do arquipélago", defendem os especialistas.
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