A exposição «As Primeiras Viagens», que pretende contribuir para a construção da história dos portugueses na Venezuela, foi inaugurada na passada segunda-feira, 4 de Julho, no Consulado Geral de Portugal em Caracas. O Correio, juntamente com o JM Madeira e o Notícias da Diáspora juntaram-se para promover a exposição com o apoio do Consulado Geral de Portugal em Caracas.
Na sede consular, os visitantes poderão encontrar uma série de painéis e objetos históricos que narram os primeiros dias da imigração portuguesa para o país de Simón Bolívar, incluindo os navios que fizeram a travessia, registos de inscrições consulares, cartas de chamada e momentos de reuniões familiares.
A inauguração contou com a presença do secretário regional de Economia, Rui Barreto, que visitou recentemente a Venezuela em representação do governo Regional por ocasião das comemorações do Dia da Região e das Comunidades Madeirenses. Participaram também no ato o presidente do Instituto de Desenvolvimento Empresarial, Duarte Freitas, o Embaixador de Portugal na Venezuela, João Fins do Lago, o Cônsul Geral de Portugal em Caracas, Licínio Bingre do Amaral, entre outras personalidades.
«Esta exposição foi realizada devido à necessidade de ajudar todos os seres humanos a saberem de onde viemos, quais são as nossas origens. Quando se trata de emigração, são países diferentes, não são origens estáticas. A migração tem essa magia”, explicou, durante o ato, o diretor do Correio da Venezuela, Aleixo Vieira, lembrando que se “não fizermos este tipo de trabalho agora, com o tempo a ligação perde-se».
Os dados históricos patentes no espaço disponibilizado pelo consulado resultam de uma pesquisa meticulosa levada a cabo pelo investigador de história da Companhia Colonial de Navegação, Miguel Correia, bem como pelo jornalista madeirense Catanho Fernandes, e ainda pela comunicadora luso-venezuelana Teresa Vieira.
Na exposição se mostra a migração desde os primeiros anos dos navios italianos e franceses, passando depois para os navios portugueses, com o Santa Maria como um dos maiores navios de bandeira. A exposição inclui uma réplica original do Barco Santa Maria, pertencente ao emigrante Felisberto Camacho, adquirida à Companhia Colonial de Navegação.
«Por vezes queixamo-nos de que não temos WiFi, Internet, que a ligação é muito má, mas como é que as pessoas comunicavam com os seus familiares naqueles dias? Para enviar uma foto, tinhas de mandar através dos correios, que viajava naqueles navios e depois era entregue pelos carteiros, aquela figura mítica que também estamos a tentar reanimar aqui», disse Aleixo Vieira. O público também pode conhecer o papel desempenhado pelos consulados portugueses na Venezuela, através da história dos Consulados de Valência e Caracas.
A exposição inclui os rostos de vários emigrantes e algumas malas que passaram por estes navios; objetos que contam um pouco da vida daqueles que emigraram para a terra prometida e foram peças inseparáveis do viajante; um símbolo de coragem e o desejo de se melhorar a si próprio. «São malas de uma vida inteira, que vieram cheias de sonhos e do desejo de devorar o mundo», disse o também conselheiro madeirense.
Para conseguir um contraste entre história e modernidade, Teresa Vieira, uma comunicadora envolvida nesta exposição, explicou que o objetivo é ligar as pessoas à emoção destas viagens. «É preciso conhecer o passado para compreender o presente. A intenção não passa apenas por contar a história, mas também em transmitir as emoções vividas pelos emigrantes durante esses anos” disse a jovem.
«O Cônsul ajudou-nos com factos e informações importantes. Graças a ele e à sua equipa, pudemos ter acesso à documentação e imagens dos primeiros 100 portugueses que pisaram as terras de Simón Bolívar», explicou Teresa Vieira, acrescentando «normalmente foram os homens que partiram naqueles navios e as mulheres ficaram à espera, sem saber o que ia acontecer».
A comunicadora apelou aos jovens para compreenderem as gerações mais velhas. «Antigamente tudo era muito mais difícil e a única coisa que os seres humanos levavam consigo era a esperança, porque a comunicação era muito difícil; é isto que procuramos transmitir nesta exposição. Muitas vezes, nós jovens pedimos aos adultos para compreender a nossa geração, mas para compreender o presente é preciso compreender o passado e tudo tem uma razão. Tal como os nossos pais nos procuram ensinar, também temos muito a ensinar-lhes para além da tecnologia; mas para isso temos de compreender muito do passado e esta experiência mudou um pouco a minha mentalidade. Compreendo que é necessário chegar a acordos, trocar opiniões e pensamentos, sabendo que a mistura das duas gerações é o futuro», assegurou a luso-descendente.
Teresa Vieira disse que estão a ser preparados trípticos alusivos à exposição, que serão entregues aos visitantes do Consulado Português em Caracas, incluindo uma mensagem do Cônsul Licínio Bingre do Amaral e um formulário de doação de peças e documentos, para aqueles que têm objetos antigos relacionados com a história da emigração portuguesa para a Venezuela e que desejam doá-los para fazer parte deste projeto.
A exposição estará disponível no Consulado Geral de Portugal em Caracas durante todo o mês de Julho. Posteriormente será levada a outras entidades, a começar por Valência, e os seus elementos serão ampliados em função do espaço disponível em cada um destes lugares. In “Correio da Venezuela” – Venezuela com “Notícias da Diáspora”
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