A comunidade luso-americana apontou como principal prioridade a retenção da língua e o investimento em aulas de português na segunda edição do Índice Nacional do Conselho de Liderança Luso-Americano (PALCUS, na sigla em inglês), apresentado esta quarta-feira nos Estados Unidos
“O maior desafio que as pessoas consideram que a comunidade luso-americana enfrenta é a retenção da língua portuguesa”, afirmou a investigadora Dulce Maria Scott notando que esta preocupação aumentou desde o primeiro índice, realizado em 2017.
Os luso-americanos inquiridos na pesquisa selecionaram, por isso, as aulas de português como maior prioridade de investimento na comunidade. “Temos uma população que está interessada em aprender português, por isso precisa de mais aulas de português”, resumiu a investigadora.
Alguns inquiridos disseram que não vivem perto de uma comunidade portuguesa e sentem dificuldade em aprender a língua, apesar da vontade.
Embora a investigadora tenha sublinhado que o índice não tem ainda uma amostra representativa de toda a população luso-americana, algo que o PALCUS planeia conseguir na próxima edição, os dados recolhidos mostram um declínio acentuado nas capacidades linguísticas de português à medida que as gerações avançam.
Este é um fenómeno “que acontece com todos os grupos de emigrantes”, disse Dulce Maria Scott. No índice, 41,7% dos inquiridos de todas as gerações reportam fluência em português, sendo que 52,6% dos falantes aprenderam em casa com os pais e familiares.
“Muito poucos usam português nos seus empregos, o que mostra o elevado nível de integração dos luso-americanos na sociedade americana”, sublinhou Dulce Maria Scott.
A dificuldade de retenção reflete-se no facto de que 49,2% dos filhos dos inquiridos não falam português.
A investigadora sublinhou também “surpresa” com a falta de conhecimento sobre os programas que estão disponíveis para estudar em Portugal: 71,8% disseram não saber sobre os mesmos e 63,7% afirmaram que gostariam de aproveitar estas oportunidades.
A questão da educação é uma das preocupações mais evidentes da comunidade, nomeadamente os custos elevados nos Estados Unidos da América e a complexidade do processo de entrada no ensino superior.
O índice também concluiu que “parece haver um maior investimento na política nacional”, com mais donativos a campanhas políticas e a causas reportados pelos luso-americanos que em 2017.
Com dados detalhados sobre nível de educação, tipo de emprego, rendimentos e demografia dos luso-americanos inquiridos, o índice mostra uma integração cimentada na sociedade americana ao mesmo tempo que há preocupação com a manutenção das organizações lusas e a preservação da língua e tradições.
O elevado número de inquiridos que visitou Portugal recentemente mostra “que existe ainda um turismo da saudade” e vontade de manter as ligações.
Segundo os dados mais recentes do American Community Survey (ACS), que também foi analisado nesta sessão, havia em 2018 1358190 luso-americanos contabilizados nos Estados Unidos, uma redução de 5% em relação a 2010.
“O índice PALCUS e o ACS mostram que os luso-americanos são um grupo estabelecido que continua a progredir no seu caminho de integração na sociedade americana”, resumiu Dulce Maria Scott.
“Em simultâneo, continuam empenhados na sua herança portuguesa, ainda que reconhecendo que é difícil manter a língua e replicar tradições étnicas”, frisou.
Angela Simões, dirigente do PALCUS, indicou que a pesquisa para o próximo índice será conduzida em 2022. Entretanto, a organização irá apresentar os resultados de uma pesquisa relativa às tendências de voto dos luso-americanos. In “Bom dia Europa” - Luxemburgo
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