A volta ao mundo do navio-escola Sagres, no contexto das comemorações do V Centenário da Circum-Navegação do Globo, inclui a realização de quatro projetos científicos.
No âmbito de uma colaboração entre o Instituto Hidrográfico, o NRP Sagres e a NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration, dos EUA), Portugal participa no Programa Global de Bóias Derivantes (Global Drifter Program – GDP).
O projeto tem como principal objetivo melhorar a previsão numérica global e a monitorização dos oceanos e do clima, através do lançamento, em diversos pondo do globo, de bóias derivantes que adquirem dados de temperatura superficial da água, correntes marítimas e pressão atmosférica.
Durante a viagem, da Sagres deverão ser lançadas à água 32 bóias em diversos pontos dos oceanos Atlântico e Pacifico. A primeira foi lançada a 6 de janeiro.
Outro projeto junta a Marinha Portuguesa, através do NRP Sagres, e o INESC TEC, do Porto. O ‘SAIL’ (Space-Atmosphere-Ocean Interactions in the marine boundary Layer) é um estudo pioneiro sobre a eletricidade atmosférica e as alterações climáticas.
O objetivo passa por desenvolver uma plataforma de observação científica no navio-escola para a recolha de dados, durante a viagem, sobre a atmosfera e o oceano.
Os investigadores esperam aumentar o conhecimento sobre o clima através do estudo dos efeitos das alterações climáticas no circuito elétrico do planeta.
Por outro, pretendem avaliar a saúde do oceano, que tem um impacto significativo ao nível global em setores como as pescas, atividades marinhas ou até mesmo a energia, através da recolha de amostras de peixes para análise posterior em laboratório.
Os microplásticos e as migrações
Um terceiro projeto centra-se na colheita de amostras em zonas muito distintas à volta do mundo, algumas remotas e de difícil amostragem, para ser feita uma caracterização da distribuição do percurso e destinos dos microplásticos nos oceanos.
A monitorização dos microplásticos e a identificação dos locais onde o fenómeno mais ocorre é considerada fundamental para avaliar a dimensão global do problema.
Ao longo da viagem da Sagres serão feitas colheitas diárias de amostras da água em zonas distintas, alguma remotas e de difícil amostragem, que vão ser filtradas para que os microplásticos fiquem retidos em filtros. Serão depois analisados nos laboratórios da Divisão de Química e Poluição do Meio-Marinho do Instituto Hidrográfico.
“A presença de plásticos e microplásticos nos oceanos representa um enorme impacto ambiental, colocando em causa a qualidade do ambiente marinho, a sua flora e fauna e a integridade dos ecosistemas”, refere a Marinha Portuguesa na divulgação dos projetos científicos a bordo da Sagres.
Já a investigação ‘Circumtrack’, a desenvolver ao longo de três anos, pretende compreender os motivos que levam a que alguns grandes animais migradores, tipicamente solitários, convirjam para locais específicos em determinadas alturas.
“Estes locais são chamados habitats críticos por poderem ter uma importância desproporcional para a sobrevivência e sustentabilidade destas espécies, muitas delas ameaçadas, podendo servir como pontos de encontro para reprodução, para dar à luz, alimentação ou ter ainda outras funções desconhecidas, mas importantes par motivar estas grandes migrações”, explica a publicação da Marinha Portuguesa.
O projeto está centrado em três locais significativos na expedição de Fernão de Magalhães: Brasil, Filipinas/Molucas e canal de Moçambique. O NRP Sagres será fundamental, como veículo de divulgação e transferência de conhecimento. Ana Pinto – Portugal in “Mundo Português”
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