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MIL: Movimento Internacional Lusófono | Nova Águia


Apoiado por muitas das mais relevantes personalidades da nossa sociedade civil, o MIL é um movimento cultural e cívico registado notarialmente no dia quinze de Outubro de 2010, que conta já com mais de uma centena de milhares de adesões de todos os países e regiões do espaço lusófono. Entre os nossos órgãos, eleitos em Assembleia Geral, inclui-se um Conselho Consultivo, constituído por mais de meia centena de pessoas, representando todo o espaço da lusofonia. Defendemos o reforço dos laços entre os países e regiões do espaço lusófono – a todos os níveis: cultural, social, económico e político –, assim procurando cumprir o sonho de Agostinho da Silva: a criação de uma verdadeira comunidade lusófona, numa base de liberdade e fraternidade.
SEDE: Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa)
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NOVA ÁGUIA: REVISTA DE CULTURA PARA O SÉCULO XXI

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"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

Nenhuma direita se salvará se não for de esquerda no social e no económico; o mesmo para a esquerda, se não for de direita no histórico e no metafísico (in Caderno Três, inédito)

A direita me considera como da esquerda; esta como sendo eu inclinado à direita; o centro me tem por inexistente. Devo estar certo (in Cortina 1, inédito)

Agostinho da Silva

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Macau - Epidemia “arrasa” negócios de portugueses



“Não tenho palavras. Não sei, não sei. O impacto [é] de 100% para quase 0%”, disse à Lusa Santos Pinto, dono de um restaurante que habita há trinta anos a rua que mais turistas atrai na ilha da Taipa, “O Santos”.

É dos poucos restaurantes abertos. Meia dúzia deles, ligados à restauração, já fechou portas. Na casa, habitualmente cheia, há um casal sentado a uma mesa. Hoje, a contabilidade está feita: há mais empregados do que refeições servidas.

“Este fim de semana ainda vou estar aberto. Na segunda-feira talvez vá fechar porque (…) não vem aqui ninguém. O que estou aqui a fazer?”, pergunta, perto de uma fotografia em que o próprio surge acompanhado do vocalista dos Rolling Stones, um dos muitos famosos que já visitaram o restaurante.

“Noutros tempos, no tempo da SARS [Síndrome Respiratória Aguda Grave, que matou 774 pessoas em todo o mundo], a situação nunca foi tão grave, ou pelo menos tão explosiva”, lembrou o benfiquista que fez da sua casa quase um santuário para os adeptos das ‘águias’.

“Tinha um grupo que chamava os solteiros, divorciados e os mal casados. Vinham aqui sempre, 15, 20 pessoas. Neste momento não sei onde é que eles andam”, lamenta.

À semelhança de Santos Pinto, Manuela Salema ainda estava a recuperar do impacto que os protestos na cidade vizinha de Hong Kong tiveram no seu negócio de importação/exportação de produtos portugueses, quando a epidemia apareceu para infectar toda a contabilidade.

“Quando nós finalmente começámos a ver alguma luz ao fundo do túnel, esperançados novamente … isto foi a gota de água. Não há ninguém, não temos clientes nenhuns”, sublinha a dona do “Cool-Thingz & PortugueseSpot”, numa das ruas da velha Taipa que há pouco mais de duas semanas fervilhava de movimento.

É preciso recordar-se do que aconteceu antes de 1999, “com as tríades e mortes nas ruas” de Macau para tentar explicar por que razão evitaria dizer que este é um momento trágico. Mas a antiga funcionária pública que se aventurou na criação do próprio negócio, familiar, a pensar também nas duas filhas, depressa admite “o momento muito complicado na vida normal das pessoas, na vida dos empresários, das lojas”.

Há conservas de atum e de sardinha, cerâmica, vinhos, compotas e têxteis impregnados de algum tipo de ‘ADN português’ na loja, mas desapareceram os clientes. “Tudo está vazio, enfim, é um impacto extraordinário, e eu não sei onde vamos parar”, confessa, outrora habituada aos clientes chineses, de Singapura, Taiwan, Japão e da Coreia do Sul, que desembarcavam na loja a partir de Hong Kong, agora apenas perturbada, quanto muito, pelo ruído de uma obra que decorre duas casas abaixo.

A loja, esclarece, “está semiaberta para aqueles que precisarem alguma coisa”, para um café, uma sandes e até uma máscara, se a farmácia estiver fechada. Já aconteceu antes: “Temos um sentido de cidadania”, justifica.

Uns metros mais à frente, o restaurante “A Petisqueira” não mais abriu as portas após um período de férias que coincide normalmente com o do Ano Novo Lunar. Eusébio Tomé deveria meter a chave na porta na sexta-feira e voltar a servir refeições. A falta de clientes e algumas empregadas Filipinas que estão no seu país impedidas de viajar para a China, numa proibição preventiva das autoridades que também inclui Macau, estragou-lhe os planos.

“Agora não sei quando vou abrir. É esperar mais uma ou duas semanas, ver o que acontece e esperar que as minhas empregadas consigam regressar a Macau para trabalhar”, resume, conformado, o português.

Noutra rua, outro negócio da restauração luso fechado. A cervejaria portuguesa Portugália. Quase em frente, “A Toca” ainda tem uma tarja com a qual se tentava seduzir os turistas e locais, com o pretexto de um festival dedicado ao polvo e ao bacalhau, mas as luzes estão apagadas e a porta não abre.

Na terça-feira, dia em que o chefe do Governo anunciou o fecho dos casinos, a população adivinhou que as medidas do Governo começavam a ganhar, de facto, o estatuto de excepcionais. Poucas horas foram necessárias para que o cenário de paralisação económica fosse óbvio. João Carreira – “Agência Lusa” in “Jornal Tribuna de Macau”

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