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MIL: Movimento Internacional Lusófono | Nova Águia


Apoiado por muitas das mais relevantes personalidades da nossa sociedade civil, o MIL é um movimento cultural e cívico registado notarialmente no dia quinze de Outubro de 2010, que conta já com mais de uma centena de milhares de adesões de todos os países e regiões do espaço lusófono. Entre os nossos órgãos, eleitos em Assembleia Geral, inclui-se um Conselho Consultivo, constituído por mais de meia centena de pessoas, representando todo o espaço da lusofonia. Defendemos o reforço dos laços entre os países e regiões do espaço lusófono – a todos os níveis: cultural, social, económico e político –, assim procurando cumprir o sonho de Agostinho da Silva: a criação de uma verdadeira comunidade lusófona, numa base de liberdade e fraternidade.
SEDE: Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa)
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NOVA ÁGUIA: REVISTA DE CULTURA PARA O SÉCULO XXI

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"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

Nenhuma direita se salvará se não for de esquerda no social e no económico; o mesmo para a esquerda, se não for de direita no histórico e no metafísico (in Caderno Três, inédito)

A direita me considera como da esquerda; esta como sendo eu inclinado à direita; o centro me tem por inexistente. Devo estar certo (in Cortina 1, inédito)

Agostinho da Silva

quarta-feira, 24 de julho de 2019

Da formação do humano...


Tal como Leonardo Coimbra, também José Marinho defende que a liberdade é, sobretudo, a oportunidade que o homem tem de se elevar infinitamente. Daí, desde logo, o ter definido a liberdade como essa “potência invisível mas segura de transcender infinitamente todo o limite, ligar-se por sobre toda a finitude ao absoluto e chegar a ser absolutamente”, potência essa que, aliás, não se cumpre apenas no homem, mas, mais ampla, mais radicalmente, em todo o ser – daí ainda estas suas palavras: “A possibilidade de negarmos a liberdade não existiria sem a mesma liberdade que condenamos; ela está na raiz de todo o acto de ser e compreender do homem, como na raiz do próprio e mais íntimo ser”. Estando na raiz de todo o ser, é, contudo, no ser humano que a liberdade mais verdadeiramente se cumpre. E isto, tão-só, porque é o homem o único ser que a assume conscientemente.
Daí deriva – não tenhamos medo da palavra – a sua “superioridade” sobre todos os outros seres, designadamente, sobre todos os outros animais. A respeito dessa “superioridade”, ou dessa “diferença qualitativa”, escreveu Marinho as seguintes palavras: “Ora, temos como seguro, que o [homem] não é [um vivente como os outros viventes]. Quem o diz ‘animal racional’ indica claramente não ser possível ligá-lo à generalidade dos viventes sem, simultaneamente, o separar.” ; “A distinção entre o homem e a comunidade vital em que surge, ganha assim relevo inegável. O animal difere, mas não se diferencia. Projectado como um indivíduo para além da vida de que surgiu, da espécie de que proveio, nele não se cinde a relação como tal, e todo o ser do seu ser, todo o íntimo sentido do seu agir o faz regressar constantemente àquilo mesmo de que proveio.”. Por isso, aliás, defendeu ainda Marinho que “o simples ser da natureza é incessante regresso”. Daí, em suma, o horizonte último da formação do humano em Marinho: nada menos do que a plenitude.
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O homem, porém, só pode chegar a aceder à plenitude “enquanto espírito”, não, de modo algum, “enquanto homem”. Mas o que significa exactamente isso: ser “enquanto espírito”? A expressão não é provavelmente a mais feliz porque, de imediato, nos pode levar a pensar numa entidade mais ou menos fantasmática, na qual seria suposto o homem tornar-se. Ora, trata-se aqui exactamente do contrário. Nas palavras de José Marinho, “o espírito não é, no homem, um ser que se acrescenta ao ser, mas sim a maneira como o ser do homem eminentemente é” – o seu “autêntico ser”, como, desde logo, nos havia já dito num dos seus Aforismos sobre o que mais importa. Nessa medida, trata-se pois apenas que o homem seja segundo a “maneira como o seu ser eminentemente é”, o mesmo é dizer, segundo a medida do seu “ser autêntico”.
Mas eis aqui, precisamente, toda a dificuldade – como escreveu ainda Marinho a este respeito, “nada mais difícil do que ser o que verdadeiramente se é”. Tudo se torna, entretanto, aparentemente mais fácil se atentarmos numa outra afirmação de José Marinho: diz-nos ele que “o homem se torna espírito ao interrogar-se sobre o enigma que é para si”, não só – esclareça-se desde já – “sobre o enigma que o homem é para si”, “mas, mais fundamente, [sobre] o enigma que nele é o ser da verdade para si”. E isto, alegadamente, porque, ao interrogar-se apenas sobre o “enigma que ele enquanto homem é para si”, não atinge ele o “mais fundo enigma”, não atinge ele o “ser do seu próprio ser” – ainda nas palavras de Marinho: “O homem pergunta-se o que é, e perguntando-se o que é enquanto homem não atinge o ser do seu ser. Ao enigma que nele é o ser [da verdade] para si não ausculta ele longamente em seu fundo interrogar. E assim todo o responder é precário.”.
Nessa medida, importa pois que o homem se interrogue “não só sobre o enigma que ele é para si, mas, mais fundamente, sobre o enigma que nele é o ser da verdade para si” – só assim ele, cada um de nós, cumprirá, enfim, esta “viagem” que Marinho nos propõe: de assunção de “enigma do ser”, de transcensão do “drama da existência”. De facto, é essa a proposta marinhiana: transcender o “drama da existência”, pela plena assunção do “enigma do ser”. Transcender, mas não anular, como José Marinho nos antecipa. Daí, desde logo, a sua denúncia da “ilusão de resolver plenamente o drama de ser no plano das existências”. Como logo de seguida nos adverte, “a metafísica sabe que o drama é insolúvel como tal” – de resto, ainda nas suas palavras, “o conhecimento metafísico surge na medida em que abandonamos a ilusão e o desejo de resolver plenamente o drama de ser no plano das existências”.

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