Entre diversas iniciativas, o fado assume popularidade em Goa na promoção da língua e cultura portuguesas
Num país onde alguns milhares ainda falam a língua portuguesa, o dedilhar das guitarras faz com que, para além de falar, também se cante. O legado de Amália Rodrigues faz-se ouvir nas noites tropicais de Goa, onde «a história do fado remonta há mais de um século e tem vindo a ganhar enorme popularidade» afirmou Delfim Correia da Silva, leitor do Camões - Instituto da Cooperação e Língua da Universidade de Goa (UG) em entrevista à agência Lusa.
Pela voz Sónia Shirsat, de 38 anos, «a principal intérprete de fado e uma das mais dinâmicas na sua promoção», de acordo com Delfim Silva, a canção património cultural e imaterial da humanidade continua a viver e a inspirar «jovens que podem a breve trecho seguir-lhe as pisadas», como é o exemplo de Nádia Rebelo, de 22 anos, mestre em Estudos Portugueses pela UG.
Em 2014, o concerto de Cuca Roseta no I Concurso de Fado na Kala Academy e no restaurante Alfama do Hotel Cidade de Goa, «revelou-se decisivo para impulsionar o projeto de revitalizar o fado», contou Delfim SIlva.
A inundar de música os poemas da saudade, Orlando de Noronha e Franz Schubert Cotta acompanham, respetivamente, Sónia e Nádia, a quem, entre outros, costumam juntar-se Allen de Abreu, Carlos Menezes, Reiniel Costa Martins e Shiddarth Cotta.
O representante do Camões explicou que «as artes performativas e o canto em particular permitem otimizar as estratégias de aperfeiçoamento das competências da compreensão oral e da interação e expressão oral, na aprendizagem do Português como língua estrangeira (PLE)». Delfim Silva é também o responsável pelo Concurso de Fado da Semana da Cultura Indo-Portuguesa apoiada pelo Camões, pelo Consulado Geral de Portugal e pela Fundação Oriente.
O fado português está hoje bastante integrado nos programas de Estudos Portugueses «como estratégia didática para desenvolver as competências linguísticas e comunicativas no contexto do ensino e aprendizagem do PLE» revelou Delfim, como é o caso do bacharelato em Artes dos colégios de Goa, que inclui a disciplina “Reading, Listening and Signing the Fado” (ler, ouvir e assinar o fado, em português).
O projeto "Fado de Goa", um dos principais patrocinadores do Concurso de Fado, tornou-se, em 2017, uma iniciativa decisiva «para manter e aumentar a popularidade» do fado na região. No âmbito deste projeto, concertos e outras ações de promoção do fado foram feitas, algumas delas sob orientação de Sónia Shirsat, artista de estatuto internacional que, quando cantou fado pela primeira vez, fê-lo «sem praticamente saber falar português» realçou Delfim Silva.
A Companhia de Teatro da Universidade de Goa foi premiada a dobrar no Midas Trophy 2018, no estado de Maharashtra, «em grande medida devido à magistral interpretação de trechos» dos imortais hinos “Chuva” de Mariza e “Fado Português” de Amália, cantados numa adaptação do “Auto da Índia” de Gil Vicente. In “Mundo Português” - Portugal
Ouça na ligação a voz de Sonia Shirsat:
Sem comentários:
Enviar um comentário