O primeiro-ministro cabo-verdiano afirmou hoje, durante o debate sobre o Estado da Nação, que o país conseguiu «progressos significativos», mas reconheceu que ainda enfrenta «importantes desafios» em diversas áreas.
"Subsistem ainda desafios importantes. Uns prendem-se com a condição de pequeno Estado insular e arquipelágico, outros com condicionalismos antigos e estruturais, outros também resultam do próprio progresso que se vai conseguindo", realçou José Maria Neves.
Na abertura do debate, o chefe do Governo cabo-verdiano enumerou os desafios, como a redução das desigualdades, da pobreza e do desemprego, mudanças climáticas, tornar-se menos vulnerável aos choques externos e gestão eficiente e eficaz das infraestruturas.
"Quanto mais avançados, mais crescem as expetativas e tudo se torna mais completo. Outros desafios ainda derivam do ambiente global e hipercompetitivo (...). Nem tudo foi feito, mas foi feito tudo o que era possível fazer", prosseguiu Neves, que passou em revista os 15 anos de governação, enumerando os "passos significativos" em todos os setores de atividades.
"O país fez progressos significativos, permitindo-nos doravante ir mais depressa e com maior segurança, acelerar o ritmo nos próximos tempos. O país está num outro patamar", avaliou José Maria Neves, na abertura do debate sobre o Estado da Nação, o último da VIII Legislatura - as eleições legislativas acontecem no primeiro trimestre de 2016 e já anunciou que não é candidato.
José Maria Neves projetou ainda o futuro de Cabo Verde no horizonte de 2030, apontando áreas que podem aumentar o crescimento, como as economias criativas, a economia azul, energias renováveis, aeronegócio, agronegócio e gestão eficaz e eficiente das infraestruturas construídas.
"As metas são inegavelmente ambiciosas. Mas as bases já foram construídas, as pontes e as estradas para o futuro já foram lançadas", insistiu o primeiro-ministro, que pediu um pacto à oposição para a despartidarização da Administração Pública.
As realizações e desafios do Governo foram reforçados pelo líder parlamentar do Partido Africano para a Independência de Cabo Verde (PAICV), Felisberto Vieira, dizendo que o país já investiu muito e vai continuar a investir para ser mais competitivo.
Por seu lado, o líder parlamentar do Movimento para a Democracia (MpD, oposição), Fernando Elísio Freire, disse que o estado da Nação é de empobrecimento e que o problema de fundo que afeta a sociedade cabo-verdiana é de natureza política e de conceção e exercício de poder.
Segundo Elísio Freire, o Governo liderado por José Maria Neves teve tempo, recursos financeiros e estabilidade governativa para apresentar melhores resultados.
"A Nação vive um dos momentos mais difíceis da sua caminhada. Vive em estado de emergência no mundo rural e numa situação de degradação económica, social e institucional", apontou o líder parlamentar, dizendo que o país tem o mais baixo crescimento económico e a mais baixa taxa de desemprego dos últimos 40 anos.
"O modelo político-económico do Governo asfixiou o potencial de iniciativa empresarial do país e impediu a formação de uma classe empresarial dinâmica e forte", prosseguiu Elísio Freire, adiantando que se o MpD for Governo irá implementar uma conceção de exercício de poder "completamente diferente", com mais liberdade, mais autonomia e mias iniciativa privada.
"O país pode crescer muito mais. Cabo Verde tem potencial positivo. O problema está neste Governo", criticou o dirigente partidário, para quem o MpD é uma "alternativa clara" de governação e o emprego será a prioridade.
Para o líder da União Cabo-verdiana, Independente e Democrática (UCID), António Monteiro, o estado da Nação cabo-verdiana "não é bom" porque apesar de o Governo ter gasto 660 mil milhões de escudos em 15 anos, ainda persiste o clima de insegurança, política fiscal injusta, água e energia mais cara do mundo e jovens formados sem possibilidades de emprego.
Apontando ainda a "economia moribunda", as instituições em "pé de guerra" com o Governo, falta de programa para ajudar os agricultores a salvar o gado, falta de políticas sociais, o líder dos democratas-cristãos pediu "algo diferente" para o país.
Diário Digital com Lusa
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