A ministra da Cultura brasileira, Marta Suplicy, disse em entrevista à Lusa que o seu país devia estar mais presente no momento difícil de Portugal e que "o grande irmão" dos portugueses não é a China mas o Brasil.
"Acredito que, neste momento difícil que Portugal atravessa, é o momento que o Brasil deveria estar mais presente", afirmou Marta Suplicy, que está em Lisboa para a inauguração hoje do "Espaço Brasil", de promoção da cultura brasileira no âmbito do Ano do Brasil em Portugal, no LX Factory, em Alcântara.
"O grande irmão e parceiro de Portugal neste momento difícil economicamente não é a China, é o Brasil. Acredito que o Brasil tem de acelerar este processo", sublinhou a ministra brasileira.
Para Marta Suplicy, "a presença da Embraer em Portugal foi muito importante", mas conseidera que mais "parcerias são necessárias neste momento" e o "parceiro principal [de Portugal] deveria ser o Brasil".
Segundo a governante, o Brasil e Portugal podem, através da promoção da sua cultura, potenciar o seu desenvolvimento económico, sobretudo em áreas como o turismo, negócios e empresas.
"A (promoção da) cultura pode ser, principalmente em países como o Brasil e Portugal, numa certa medida, uma alavanca gigantesca para o turismo", declarou .
O Ano do Brasil em Portugal e do Ano de Portugal no Brasil está a decorrer desde setembro em ambos os países, com uma programação que abrange as áreas da cultura, economia e turismo, terminando em junho de 2013.
Marta Suplicy, que também já foi ministra do Turismo (no Governo de Lula da Silva) e prefeita de São Paulo, disse que a "alavanca" que a cultura promove também é importante nos negócios, para as empresas e outros setores.
Para a ministra brasileira, "alguns países já têm clareza sobre isso, com orçamentos maiores na área da cultura e grandes investimentos. Outros ainda, por necessidade ou visões diferentes, não têm essa perceção, ou se tem, não conseguem" dar prioridade à promoção da cultura.
"Há uma perceção cada vez maior que esta riqueza do Brasil (a cultura) pode tornar-se em riqueza de desenvolvimento económico, principalmente para algumas regiões brasileiras extremamente ricas culturalmente e que não se apropriam financeiramente desta possibilidade", acrescentou.
Senadora por São Paulo, Marta Suplicy, que assumiu a pasta da Cultura em setembro, afirmou ainda que foi uma ideia feliz fazer um Ano do Brasil em Portugal neste momento, referindo-se à mostra da cultura brasileira em "várias regiões do país, com a presença diversificada".
Sobre a fraca divulgação no Brasil de obras literárias contemporâneas (além de autores de teatro, entre outros) de Portugal, a ministra disse que os dois países têm responsabilidade na questão, mas Portugal "deveria ter um papel de proeminência" na promoção das obras.
A ministra disse que a imagem de Portugal e dos portugueses no Brasil já é bastante diferente de há três ou quatro gerações passadas.
"O português está absolutamente incorporado na cultura brasileira e nas gerações mais novas não procede mais este estereótipo (homens de bigode e mulheres vestidas de preto) em relação ao português", afirmou a ministra.
Marta Suplyci referiu que o envolvimento de atores portugueses nas novelas brasileiras nos últimos anos é "muito rica e muito bem-vinda" no Brasil.
Sobre o Ano do Brasil em Portugal e de Portugal no Brasil, a ministra considerou ainda que "culturalmente, é uma aproximação importante, porque serve para consolidar novas imagens dos dois povos, da cultura brasileira contemporânea e vice-versa".
"Penso que muda também a visão de um povo na medida que você vê uma produção cultural diferente", acrescentou a ministra brasileira.
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