ISBN: 978-989-35748-3-6
Nascido em 1936, António Braz Teixeira é, actualmente, como nós próprios já tivemos a oportunidade de salientar, “o maior hermeneuta vivo do nosso universo filosófico e cultural, não só português mas, mais amplamente, lusófono” (in Jornal de Letras, Artes e Ideias, 1-15 de Dezembro de 2021, p. 29). Tendo cunhado o conceito de “razão atlântica” – para, precisamente, sinalizar o chão comum do pensamento filosófico luso-brasileiro –, ele próprio, como também já tivemos a oportunidade de escrever, esclareceu entretanto “que esse era um conceito, em grande medida, ‘ultrapassado’; e que, hoje, mais do que de uma ‘razão atlântica’ (circunscrita ao espaço luso-brasileiro ou, quanto muito, luso-galaico-brasileiro), se deve falar, cada vez mais, de uma ‘razão lusófona’, senão mesmo de uma ‘filosofia lusófona’, porque aberta a todo o pensamento expresso em língua portuguesa, por muito que esse pensamento mais filosófico ainda não tenha realmente desabrochado em todo o espaço lusófono” (in António Braz Teixeira: Obra e Pensamento, coordenação de Celeste Natário, Jorge Cunha e Renato Epifânio, Porto, Faculdade de Letras da Universidade do Porto/ Bairro dos Livros, 2018, p. 547). Tese que, paradigmaticamente, subjaz a uma das mais recentes obras – A saudade na poesia lusófona africana e outros estudos sobre a saudade (Ed. MIL, 2021) –, onde, a propósito da expressão poética da saudade na poesia lusófona africana, mostra bem o quanto está nela ínsita uma filosofia, como já acontece, de forma clara, no pensamento português, galego e brasileiro.
Eis o que a recente reedição
da sua obra “A Filosofia da Saudade” (Ed. MIL, 2024) vem, em boa hora, uma vez
mais comprovar. Quase vinte anos a sua primeira edição (2006), esta obra – que
é já um clássico nos estudos sobre a tematização da saudade no espaço
luso-galaico-brasileiro – foi entretanto substancialmente revista e actualizada,
integrando as abordagens mais recentes dessa temática, muitas das quais
expressas em primeira instância nos Colóquios Luso-Galaicos sobre a Saudade/
Encontros de Filosofia e Cultura Luso-Galaica, que se têm realizado, de dois em
anos, por iniciativa do Instituto de Filosofia Luso-Brasileira, a que António
Braz Teixeira preside desde 2016. Por tudo isso, nós próprios profetizámos, na Abertura da mais
recente edição desses Colóquios (Setembro de 2024), que um dia estes assumiriam
expressamente o nome deste nosso insigne filósofo, do mesmo modo que os
Colóquios de Filosofia Luso-Brasileira promovidos igualmente pelo Instituto de
Filosofia Luso-Brasileira assumem o nome de Tobias Barreto (quando se realizam
em Portugal) e de Antero de Quental (quando se realizam no Brasil). Um dia
teremos, pois, os Colóquios Luso-Galaicos sobre a Saudade/ Encontros António
Braz Teixeira de Filosofia e Cultura Luso-Galaica, o que será uma assaz justa
homenagem àquele que, no último meio século, mais e melhor tem promovido essa
ponte filosófico-cultural com a Galiza, a par da ponte filosófico-cultural com
o Brasil e os restantes países lusófonos.
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