Sendo leitor habitual das suas crónicas no Jornal “Público”, não me custa adivinhar os dois desideratos maiores desse seu novo partido: internamente, a real “União da Esquerda” e, externamente, a real “União Europeia”. Alguns, mais cínicos, dirão que Rui Tavares quer apenas “poleiro”, mas eu acredito nas suas boas intenções.
Apesar de considerar que, nos dois desideratos, esse novo partido está condenado ao fracasso, mesmo que algum sucesso eleitoral possa ter. Quanto à “União da Esquerda”, trata-se de uma ilusão que nunca passará disso mesmo: no essencial, apesar de toda a retórica, PS, PCP e BE não têm e jamais terão um programa governativo comum. Quanto à “União Europeia”, trata-se de uma outra ilusão, que se foi mantendo num contexto político-económico muito específico (ainda decorrente da “Guerra Fria”), e que agora fatalmente se desvela…
Dito isto, faz de facto falta um novo partido. Mas um partido realista, não assente em ilusões, por mais bem-intencionadas que sejam. Um partido que, internamente, subverta o sectarismo ideológico esquerda-direita (tão “anos 70” quanto o BE) e a partidocracia que está a tornar cada vez mais refém o nosso regime democrático (promovendo, desde logo, as “candidaturas independentes”), e que, externamente, olhe para a Europa com “olhos de ver”. Eis o que falta.
Sem comentários:
Enviar um comentário