Decorridos 100 anos sobre a génese da Renascença Portuguesa, que um dia Jaime Cortesão havia sonhado, com o propósito “de fundar uma Associação dos artistas e dos intelectuais portugueses, com o fim principal de exercer a sua acção isenta de facciosismos políticos”, uma “acção social orientadora educativa”, o seu legado está ainda por se cumprir.
Tendo sido criada para dar uma orientação maior, superior, à República, esta, infelizmente, preferiu seguir outros caminhos, mais imediatos, com os resultados que se conhecem. Por isso, ficou a promessa da Renascença Portuguesa parcialmente adiada, não obstante todas as sementes que então se lançaram à terra e alguns frutos que, na época, ainda foi possível colher: falamos, em particular, das Universidades Populares e da ainda hoje impressionante série de edições, que visavam promover uma elevação cultural e cívica de todo o povo português.
Na altura, a Renascença Portuguesa foi, de facto, o mais marcante movimento cultural e cívico, que agregou as mais insignes personalidades da época, sendo, ao mesmo tempo, a voz de uma nova geração que emergia e se afirmava. Se o seu legado não se cumpriu plenamente, o seu exemplo de dedicação à comunidade pátria persiste por inteiro ainda hoje, para que as gerações de hoje cumpram esse legado, essa tarefa.
Por tudo isso, a NOVA ÁGUIA evoca, neste número, os 100 anos da Renascença Portuguesa. Se há 100 anos importava fazer renascer Portugal, quem não dirá o mesmo hoje? Se Portugal há 100 anos parecia morto, quem, hoje, dirá o contrário? Ao evocarmos os 100 anos da Renascença Portuguesa, evocamos pois uma memória viva, de tal modo que quisemos aqui, neste número, olhar sobretudo para a futuro, para a frente. Daí a questão que colocámos: como será Portugal daqui a 100 anos? Decerto, um desafio ousado, mas quisemos sobretudo abrir Horizontes, porque sem Horizontes não há caminho que valha.
Como sempre, houve também lugar para outros voos – nomeadamente, até à Galiza (“Ernesto Guerra da Cal, Mestre da Nova Galeguidade. Notas para um Centenário”), ao Brasil (“Sílvio Romero: O Elemento Português no Brasil”), a Timor-Leste (“A Lusofonia em Timor-Leste – Além da mera sobrevivência da Língua Portuguesa”) e a Cabo Verde.
A respeito da Mátria de Cesária Évora – cuja memória aqui sentidamente evocamos –, publicamos, de resto, três textos: de António Braz Teixeira (“A Saudade na Poesia da Claridade”), de Elter Manuel Carlos (“A singularidade da leitura do olhar cabo-verdiano”) e de Adriano Moreira – falamos do Discurso que proferiu, recentemente, ao aceitar o título de Doutoramento Honoris Causa por parte da Universidade do Mindelo: “Uma Meditação sobre a Universidade”.
Depois de já termos publicado três números sobre personalidades ligadas à Renascença Portuguesa – Teixeira de Pascoaes, Fernando Pessoa e Agostinho da Silva (para além do número que dedicámos aos “100 anos d’A Águia”) –, o mesmo acontecerá, de novo, já no próximo número, cujo tema maior será: “Leonardo Coimbra – Razão e Espiritualidade: nos 100 anos d’O Criacionismo (Esboço de um Sistema Filosófico)”. Uma vez mais, um grande número da NOVA ÁGUIA em perspectiva.
A Direcção da NOVA ÁGUIA
Ver Índice:
http://novaaguia.blogspot.com/2012/02/nova-aguia-n-9-ja-ha-indice.html
Sem comentários:
Enviar um comentário