“A administração da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, S.A. (INCM) e a direcção executiva do Grupo Almedina assinaram ontem, dia 26.01.2012, um memorando de entendimento que possibilitará a reabertura, ainda no decurso do corrente semestre, da Livraria Camões, no Rio de Janeiro”, informou o comunicado.
Segundo a nota, a Livraria Camões será reaberta “com um novo modelo de funcionamento”.
“O encerramento da Livraria, nos moldes actuais, verificar-se-á, como anunciado, no próximo dia 31 de Janeiro, cessando, deste modo, a operação directa da INCM no mercado brasileiro”, referiu o comunicado.
Segundo a nota, “nos termos do acordo celebrado, o espaço da Livraria vai ser remodelado e dotado de novas funcionalidades, cabendo, a sua exploração ao grupo Almedina e à INCM a disponibilização do espaço”.
“A INCM e o Grupo Almedina assumem ainda a intenção de estudar parcerias de âmbito editorial com vista à edição, promoção e comercialização no Brasil de ambos os catálogos, criando-se desta forma condições para reforçar a presença da cultura e da língua portuguesa no Brasil”, sublinhou ainda a nota.
O anunciado encerramento da Livraria Camões, em Janeiro, provocou uma onda de protestos entre académicos, professores, intelectuais, estudantes e outros frequentadores da loja no Brasil.
Para reforçar o protesto, professores e investigadores reuniram-se na sede da livraria, no dia 18 de Janeiro, e prestaram sua solidariedade ao representante da loja, o português José Estrela.
José Estrela está à frente da Livraria desde a sua abertura, há 40 anos.
P.S.: Recorde-se que o MIL, em conjunto com a Casa Agostinho da Silva, emitiu um Comunicado a denunciar a situação:
Declaração Conjunta da Casa Agostinho da Silva e do MIL sobre o Encerramento da Livraria Camões no Rio de Janeiro
O destino da cultura de Língua Portuguesa sela-se de novo adverso, pois que se fecham as portas da Livraria CAMÕES, sediada na cidade do Rio de Janeiro.
Já não bastasse o ultraje da Academia Brasileira de Letras ter condecorado com a medalha Machado de Assis um jogador de futebol, agora é Portugal que desafortunadamente naufraga Camões.
Aos homens sábios como o fora Agostinho da Silva, fechar escolas, centro de estudos, bibliotecas ou livrarias é creditar força aos ignorantes ou desviados da servidão à Pátria da Língua Portuguesa.
Hoje, a cultura lusófona é já translusófona e desde muito seus falantes e leitores estão aconchegados vivamente ao espaço da Livraria CAMÕES que, apesar das mazelas políticas e econômicas, manteve por anos a fio a propalar as maneiras e feições plurais do modo de ser português por meio da presença de livros de tão rara excepcionalidade.
A Livraria CAMÕES é patrimônio da cultura de Língua Portuguesa e, mais do que isso, é ambiente absolutamente necessário para que possamos continuar a dar vivas a nossa Literatura e aos seus poetas e romancistas, a bem dizer a toda Arte de mares ainda a navegar.
Em tempos de descultura e massificação em todos os níveis social e mental a que a nossa contemporaneidade está atrelada, é inconcebível o fechamento da Livraria CAMÕES.
A Casa Agostinho da Silva e o MIL sentem-se afrontados pela decisão do governo português em fechar a Livraria Camões. Queremos fazer lembrar a todos que esta ação do governo português olvidou-se de uma máxima de um dos primeiros escritores a escrever para crianças e o primeiro a montar, no Brasil, uma editora, Monteiro Lobato: “Um País se faz com homens e livros.”
Não deixemos que toda a experiência humana e os avanços de espíritos venturosos como fora Camões e Vieira, Pessoa e Rosa, Mia Coto e tantos outros deixem de desfilar nas estantes da anciã Livraria CAMÕES, porém, sempre nova nas letras lusófonas.
Nessa medida, saudamos esta decisão.
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