DE serapiao@amanha.com.br em
http://www.amanha.com.br/blogs/94-diario-de-moscou-por-carlos-serapiao-jr/1697-portugal-e-o-real-
O rendimento dos títulos da dívida soberana de Portugal atingiu 9,91% a.a., refletindo piora da avaliação pelo mercado da solvência do país.
E o Governo precisa emitir mais € 2 bilhões em dívida nesta semana, devendo pagar cerca de 10% a.a., já que a Moody´s reduziu de novo o rating do país, para Baa1. É interessante notar que esse rating é igual ao dos papéis da Petrobras no exterior, só que o rendimento dos títulos da Petrobras está na faixa de 2,5% a.a. (os de curto prazo) e 5% a.a. (os de longo). Ou seja, enquanto a avaliação das agências de risco sobe ou desce de escada, o rendimento dos títulos, que reflete a percepção de risco do mercado, usa o elevador. Esse descompasso explica a razão de os títulos soberanos do Brasil (e também os da Rússia), apesar das imensas reservas cambiais de ambos e da força econômica, terem notas piores do que Portugal O mercado precifica a vida como ela é.
No fundo, é bom senso: quem trocaria hoje, em pé de igualdade, títulos da dívida da Petrobras por obrigações do Governo português? Há três cenários para Portugal: rolar a dívida como está, a um custo fiscal e social alto; sair da Zona do Euro e desvalorizar sua moeda; ou renegociar a dívida (“devo, não nego, pagarei quando puder”).
Por um momento, imaginei um quarto cenário: o Brasil ajudando Portugal, com algum tipo de garantia soberana que tranquilizasse o mercado; e Portugal adotando o real como moeda (portanto, sua política monetária passando a ser regida pelo BACEN brasileiro), o que de imediato atrairia muitos investimentos brasileiros para a ex-metrópole e nos abriria nova e auspiciosa rota de comércio com a União Europeia.
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