O dia 12 de Junho de 2010 ficará na História como um dia muito relevante para a Lusofonia. Graças à iniciativa de um grupos local (Associação Além Guadiana) e ao apoio das autoridades municipais e regionais, Olivença promoveu um Festival baptizado de "Lusofonia (se Olivença)", no qual, entre outras coisas, começou a recolocar os nomes portugueses das suas ruas, com uma cerimónia inaugural às 10:30
locais, na qual foi descerrada uma primeira placa com dupla nomenclatura.
O Presidente da Além Guadiana, Joaquín Fuentes Becerra, referiu à Lusa que “as placas com os nomes das antigas ruas que estavam em português foram utilizados em Olivença até à primeira metade do século XX, por isso esta iniciativa tem um cunho cultural, didático e turístico”.
Um dos objectivos reclamados por aquela associação é colocar Olivença no mapa e no espaço da Lusofonia", independentemente de Questões Políticas, que não estão na sua intenção ou no seu âmbito.
Os promotores, e depois as autoridades locais e regionais, usaram da palavra num palanque improvisado no "Terreiro do Chão Salgado", após o que se inaugurou um conjunto de pavilhões, uma zona reservada a exposições, onde estiveram artesãos, produtos de gastronomia portuguesa e a instituições do espaço lusófono, bem como
trabalhos ao vivo (olaria, por exemplo) e animação musical a cargo de grupos de Portel (Évora), dos "Gigabommbos de Évora, e outros.
Por volta das 11:00 locais houve leitura de poesia em Português, não só de alguns dos maiores poetas lusos, com de poesias tradicionais locais. Houve mesmo leitura de poesia alentejana (quadras e décimas, por exemplo) feita por oliventinoa de hoje. Este momento prolongou-se por mais de uma hora. Homens e mulheres, adultos, crianças e idosos, sucederam-se, tendo-se mesmo ouvido velhos refrões, adivinhas, e provérbios.
Seguiu-se uma demonstração de folclore, através do grupo “La Encina” de Olivença e da atuação das Cantadeiras de Granja (Évora).
À tarde, foi projetado no "Espácio para la Creación Joven", o filme “O Leão da Estrela”, e houve actividades de animação nas ruas, bem como a actuação dos alunos de português da escola pública Francisco Ortiz, de Olivença.
A "Estória da Galinha e do Ovo" e "O Canto dos Poetas", ambos interpretados pela associação "Do Imaginário" de Évora, foram outros dos atrativos desta iniciativa promovida pela associação “Além Guadiana”.
À noite, houve actividades musicais e animação de vários tipos, tudo muito concorrido.
Por vezes, não são os grandes eventos oficiais, com altas figuras, que representam por si só marcos na História. Neste caso, após duzentos anos de silenciamento de Olivença como espaço lusófono, houve um reencontro de Olivença com as suas raízes culturais, da forma mais pública e assumida de que há memória. A Cultura, que é o
que mais perdura na memória das sociedades, marcou um ponto importantíssimo a seu favor, e a Lusofonia reconquistou um espaço significativo, nomeadamente pelo seu valor simbólico. Entre outros aspectos, este foi um momento de muita emoção.
Carlos Eduardo da Cruz Luna (com base na observação directo do evento e nas informações da "Lusa")
Estremoz, 13 de Junho de 2010
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