Diário, não é, pois, não segue uma seqüencia; um documentário, sim, mas, diferente de tudo o que já se viu no gênero, pois é feito de silêncios que gritam, fragmentos de memória e uma beleza plástica que se insinua,penetra nosso inconsciente e nos leva à agonia final do grande artista exilado em Sintra, que afirmava ser esse um lugar bom para morrer.
Diário de Sintra é um filme refrescante.
Os Elementos fazem parte do elenco e aparecem sempre, assim como as vozes superpostas, as vibrações, as lembranças.
Fotos do artista aparecem em toda parte, levadas pelo mar, pelas ravinas, pelo vento e até nas mãos de portugueses que não conhecem Glauber ou conhecem pouco, por ouvir falar.
O exílio o torna um eterno anônimo, saudoso e inconformado com o seu destino de exilado. Mas, seu discurso não mudou confirmando a contemporaneidade do seu pensamento.
A cena final, onde roupas são penduradas numa árvore desfolhada pelo tempo e onde logo fotos são penduradas ao vento é intensamente comovente, mas, nunca piegas.
Não sei como a Paula lavou e secou suas memórias de viúva; mas, as imagens secadas ao suave sol de Sintra, recebendo o vento úmido que vem da Serra é realmente magistral.
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