Contam-se hoje oito anos passados sobre a morte de Jonas Malheiro Savimbi.
Ainda me lembro dele, nos tempos do Liceu, em Sá da Bandeira. Era um negro elegante e muito educado, protegido pelos Irmãos Maristas. Naquele tempo, não era conhecido por Savimbi. Toda a gente lhe chamava Jonas.
Duas décadas depois, as suas imagens apareciam em toda a parte: jornais, revistas e televisões. Mudara. Ganhara peso e passara a usar barba. Tive dificuldade em reconhecê-lo e perguntei à gente da minha idade:
- É mesmo o Jonas?

Desempenhou o papel que a História lhe reservara. Ele, que nunca foi um democrata, cresceu com a democracia. Arrastava multidões atrás da sua palavra. Terá sido um dos maiores oradores da África moderna. Diziam as más-línguas que, nos seus longos discursos, ao falar em umbundo, perspectivava, para os negros que o escutavam, uma realidade bem diferente da que prometia aos seus ouvintes europeus.
Foi abatido em 22 de Fevereiro de 2002.
Não se pode saudar a morte de um homem, mas podem-se dar vivas à paz que se lhe seguiu.
Fotos: Comício: Fernando Castro. Savimbi: Internet.
Também publicado em decaedela.
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