Hoje passam cento e cinquenta... e cinco anos sobre a morte de José Baptista de Silva Leitão de Almeida Garrett... numa casa que já foi destruída.
Convém que nunca seja esquecido: destruída por vontade de Manuel Pinho (sim, o «chifrudo» ex-ministro da Economia, que então ainda ocupava o cargo), com a autorização de António Carmona Rodrigues, então Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, e com a oposição de Pedro Santana Lopes, que, numa das suas últimas acções enquanto edil da capital, suspendeu a autorização para a demolição – decisão que seria, precisamente, revertida pelo seu sucessor... Nem muitos protestos – como o de, por exemplo, José Augusto França – nem uma petição foram suficientes para salvar o edifício.
Tal aconteceu em 2006. Curiosamente, nesse mesmo ano, praticamente ao mesmo tempo, ficou a saber-se que a Câmara Municipal de Sintra queria classificar como «imóvel de interesse municipal» a casa de Joaquim Ribeiro Carvalho, «um dos proclamadores da República em 1910», de forma a «salvá-la do adiantado estado de degradação». Será de lembrar que um dos «colegas de varanda» de Joaquim Ribeiro Carvalho, e quiçá o mais famoso, José Relvas, teve a sua «Casa dos Patudos» transformada em Museu de Alpiarça.
É inevitável chegar a duas conclusões: primeira, que, aparentemente, fora de Lisboa se valoriza muito mais as casas de figuras ilustres – até no Porto, e apesar dos seus problemas, a casa onde nasceu Garrett ainda está de pé...; segunda, que, se o autor de «Viagens na Minha Terra» pudesse ser considerado como que um, vá lá, «proto-republicano», provavelmente a sua última residência teria sido poupada. Mas não: ele até foi Visconde!
Caro Octávio, você atribui a essa gente uma finura cultural que os honra... mas é imerecida.
ResponderEliminarA casa de Garrett no Porto, que eu conheço bem, está de pé porque fica numa viela escusa onde não é possível construir nada - se a de Lisboa fosse em Alfama também não teria sido demolida. Ou na casa onde nasceu Camilo, ao Bairro Alto.
Mas muita gente tem esperança num capitalismo... como direi, patriótico. Eu não.