quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Uma aposta?

A nobilíssima alma dos nossos irmãos peninsulares (excepto os Madrilenos, claro) aspira à "independência". Compreende-se: um povo independente dota-se a si mesmo de leis justas, dizem-nos os filósofos europeus desde que há Europa - veja-se o exemplo de Portugal, orgulhosamente independente desde há quase novecentos anos e, como se sabe, pátria de toda a justiça e ainda de mais alguma.

O vilissimo cérebro dos 'mercados' parece ver as coisas de outra perspectiva. É ver hoje o Económico:

Ao bom estilo do dominó, a dívida espanhola cai por partes em mais um sinal de alarme na zona euro.

A agência de notação financeira Moody's cortou hoje no ‘rating' da dívida de três regiões espanholas: Catalunha, Comunidade Valenciana e Castila-La Mancha. A região da Catalunha, a segunda mais endividada do país - cerca de 11,4% do seu PIB -, acabou por ficar com a pior nota: um A1, contra o Aa3 da Comunidade Valenciana e o Aa2 de Castilla-La Mancha.

A Moody's ameaçou ainda baixar o ‘rating' da Galiza, Extremadura, Andaluzia e Castilla e León, caso o seu endividamento continue a crescer ao ritmo actual.

O ‘downgrade' assume particular importância devido ao modelo administrativo de Espanha que, segundo a Constituição, confere uma maior autonomia legislativa e competências executivas às regiões, que têm o direito de se administrar mediante representantes próprios.

A um deles o tiro sairá pela culatra, e eu acho que será à nobilíssima alma. Vai uma aposta?

PS. Grosseiramente, este 'rating' é uma classificação do grau de risco de um empréstimo, ou, dito ao contrário, do grau de confiança no devedor. O 'sinal aos mercados' aqui, para falar na analfabelíngua dos economeses, é: emprestem a um juro mais alto (a um alto risco corresponde um juro elevado e, teoricamente, vice-versa). Na semana passada, foi a Grécia a atingida por uma 'descida' semelhante e dizem-me que corre o rumor de que se murmura que Portugal poderá estar em lista de espera. Como dizem os Ianques e alguns portugueses bem intencionados, "Europa do Sul".

PPS. Em nada do que digo se deve ou sequer pode ver a defesa do 'os mercados têm sempre razão': não sou um cidadão do Admirável Mundo Novo que nos governa. E o facto de me referir a alguns problemas não significa que tenha a solução para eles, a não ser uma solução pessoal e intransmissível...

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