Li recentemente (num só dia!), e finalmente, «Um Herói Português – Henrique Paiva Couceiro» de Vasco Pulido Valente (um livro de 2006 que foi antecedido por um artigo de 2001 na revista Análise Social). Uma breve mas palpitante biografia de alguém que, entre outras qualidades, bem se pode dizer que corporizou o espírito aguerrido e inconformista dos patriotas de 1640.
Em 2009 passaram – a 11 de Fevereiro – 65 anos sobre a morte de Henrique Paiva Couceiro. Um combatente até ao fim: na fase final da sua vida recebeu a «distinção» adicional de ser preso e exilado por ordem de António de Oliveira Salazar – por ter ousado publicamente criticar, e mesmo acusar, o ditador. Antes, destacara-se como militar e como político em África (tanto em Angola, onde chegou a ser governador, como em Moçambique), e, claro, como o maior resistente à República: a 5 de Outubro de 1910 foi quem mais réplica deu aos golpistas; e nos dez anos seguintes iniciou e liderou diversas acções bélicas contra o novo regime, destacando-se as incursões da Galiza para Trás-Os-Montes e a denominada «Monarquia do Norte», que, precisamente, restaurou – durante apenas 25 dias e com capital no Porto – a legitimidade histórica e política no país.
Hoje assinalam-se também os 75 anos da primeira edição de «Mensagem». E será por isso interessante saber o que pensava o poeta dos heterónimos daquele a quem chegaram a chamar «um novo Nuno Álvares Pereira», Segundo Vasco Pulido Valente (página 87), «Fernando Pessoa considerava (Henrique) Paiva Couceiro, antes de mais, “um espírito ferranhamente tradicionalista”, que “vira erguer-se uma instituição, a que alguns maduros e um grande número de gatunos chamavam a sua querida República”, e “sentira, se o não pensara lucidamente”, que essa instituição vinha arrancar tudo quanto restava (e restava pouco) das “tradições nacionais”, sem as substituir “absolutamente por nada”. A República “representava” para Couceiro (e para Pessoa) “um atentado contra a Pátria”. Pessoa não estimava o tradicionalismo de Couceiro. Mas, sendo ele pelo menos “um conceito de nacionalidade”, era preferível a “conceito nenhum” e, por consequência, Couceiro era também moralmente superior “aos estrangeiros da República”.»
Actualmente fazem ainda mais falta pessoas como Henrique Paiva Couceiro. Para quem a coragem era uma conduta comum e «Honra» não era uma palavra vã.
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